“Tenho várias caras. Uma delas é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo”, escreveu a rainha das citações Clarice Lispector no livro ‘Visões do Esplendor’, de 1975.
A frase se encaixa no perfil de Thai de Melo Bufrem, uma das influenciadoras e modelos mais festejadas do mundo fashion brasileiro. Ela não tem nada de Gisele Bünchen e outras tops consideradas ‘perfeitas’ esteticamente.
Destaca-se justamente por ser diferente – ou melhor, única. A personalidade, a inteligência e o carisma vêm antes da aparência. A autoaceitação foi um processo longo e doloroso.
“A minha vida mudou quando eu me permiti ser feia”, disse no ‘Par ou Ímpar’, do GNT. “O que eu considerava beleza me tomava muito tempo. Tive anorexia por 20 anos.”
Thai contou à apresentadora Maria Ribeiro que vivia obcecada pelo medo de engordar. Estava o tempo todo de dieta. A busca pela suposta aparência dos sonhos estava associada à extrema magreza.
Perto dos 30 anos, ela saiu daquela prisão emocional. “Comecei a diluir a beleza em outros aspectos da minha personalidade”, afirma. O retorno não poderia ser melhor.
Além de mais saudável, a jornalista se tornou uma das modelos mais solicitadas por estilistas e grandes marcas. Faz desfiles, campanhas publicitárias, capas de revistas e produz conteúdo criativo.
A ascensão de Thai de Melo Bufrem ao topo da moda representa a libertação da exigência da beleza clássica que é privilégio de poucos – e gera frustração e até depressão em quem não se encaixa nela. A atitude transforma em musa a mulher vista como comum.
O impacto do visual de uma pessoa não dura mais do que 15 minutos. A força de sua presença, a originalidade, a simpatia e a expressividade são mais interessantes do que um rostinho bonito.
“Beleza está muito ligada à segurança. É a segurança de ser quem a gente é. Explosão de beleza, para mim, é o momento que eu estou me sentindo mais segura de ser quem eu sou”, afirma Thai em vídeo da revista 'Elle'.