Os juízes da internet se assanharam em condenar sumariamente Juliana Paes após repercutir o vídeo de uma empregada que trabalhou 11 anos em sua casa. A ex-funcionária disse ter sido abandonada pela patroa famosa por sofrer de depressão.
Matérias revelaram que a dispensa aconteceu após alguns meses de licença médica para tratamento. Como inicialmente só um lado da história ganhou espaço na mídia, a conclusão foi de que a estrela das novelas havia sido ingrata e insensível.
As matracas das redes sociais passaram a atacar Juliana Paes. Incontáveis postagens criticaram a suposta postura desumana da artista. Repetiu-se o linchamento virtual recorrente da parte de quem se delicia em demonizar pessoas famosas, ricas, belas e bem-sucedidas.
A revista ‘Quem’ decidiu aprofundar a apuração. A própria ex-empregada contou detalhes que mudaram o olhar sobre o fato. Sim, a demissão aconteceu – seguindo as normas da lei trabalhista, conforme informou a assessoria da atriz. Não houve abandono da funcionária doente.
Ela relatou ter recebido ajuda financeira de Juliana. Além disso, a atriz atendeu a seu pedido de um empréstimo para comprar uma casa. O combinado era descontar a quantia em parcelas no salário, porém, segundo a ex-empregada, a patroa nunca quis receber o dinheiro.
Em um gesto de solidariedade, a artista ainda pagou o convênio médico da antiga funcionária e de sua filha até dias atrás. Mesmo recebendo ajuda fora das obrigações previstas na legislação, a doméstica afirma se sentir “chutada feito cachorro morto”.
Imprescindível considerar os efeitos da depressão no estado emocional da empregada. Uma luta de anos contra um transtorno que fragiliza, desestabiliza, altera a percepção e o comportamento. Sua ira contra Juliana Paes talvez seja a canalização da revolta contra a doença.
A desnecessária superexposição negativa da atriz — e de si mesma — pode ter sido um pedido de atenção e socorro. Contudo, produziu um dano à imagem da artista, que aparentemente sempre foi correta na relação profissional com a funcionária e agiu com mais generosidade do que a maioria dos empregadores.
Este é um episódio a ser lembrado pela imprensa toda vez que emergir a sanha de julgar e condenar uma celebridade alvo de alguma denúncia. Os famosos também têm direito ao contraditório. Aqueles que se apressaram em ‘cancelar’ Juliana Paes deveriam se desculpar com a atriz.