Mesmo quando estava de máscara, hospitalizada, Susana Naspolini ria à toa. Ria por estar viva.
Sua marca registrada era a alegria por simplesmente existir. E ela fez do riso um analgésico contra o sofrimento prolongado.
Sorrindo, a jornalista enfrentava a dor provocada pelos tumores, os efeitos da quimioterapia e o medo da morte.
No Instagram, ria para transmitir uma imagem de esperança a seus amigos virtuais.
“Deus é um comediante atuando a uma plateia assustada demais para rir”, escreveu o crítico norte-americano H. L. Mencken.
Com fé inquebrável, Susana conseguia dar risadas contagiantes apesar da injustiça de ser vítima de um câncer pela quinta vez.
Ela encarava bravamente o desafio de sobreviver. Franzina, tirava forças de seu espírito guerreiro.
Altruísta, compartilhava mensagens de incentivo a pessoas vergadas por problemas bem menos graves do que a doença que a matou.
O título de um de seus livros, ‘Eu escolho ser feliz’, parecia tatuado em sua alma.
No meio do povão, Susana exercitava a empatia. Ria e chorava com os personagens anônimos de suas reportagens na TV.
Ela se jogava no jornalismo comunitário — e na vida — sem rede de proteção.
Vivia na pele as alegrias e tristezas daquilo que relatava à câmera. Uma conexão rara de se ver.
“É o meu jeito de trabalhar... Sou feliz fazendo, me sinto em casa.” Com carisma irresistível, a jornalista induzia a gente acreditar que era íntimo dela.
Por isso, a notícia de sua morte, aos 49 anos, causa comoção e suscita um velho questionamento: por que tanta gente boa parte tão cedo?
O consolo é a certeza de que agora Susana Naspolini vai dar risadas pela eternidade.
E nós, enquanto estivermos aqui, devemos nos inspirar nela para rirmos mais pelo privilégio de ainda viver.
Rir pode não curar, mas faz um bem danado.