Em entrevista à ‘Folha de S. Paulo’, o ator Thiago Fragoso disse se sentir prejudicado nas escalações para produções de TV.
“Em cada novela ou série, eu tenho a chance de fazer um personagem. Ou sou eu, ou o Jonas Bloch, ou o Herson Capri, ou o namorado da Larissa Manoela, que também é loiro de olhos azuis. Entrou um, não pode mais ter homem hétero, branco”, afirmou. “Estamos vendo esse questionamento pela mudança do status quo. Eu tenho uma chance por novela.”
A declaração suscitou revolta nas redes sociais. Foi interpretada como uma crítica à maior diversidade étnica vista na teledramaturgia, especialmente com a ascensão de atores pretos – antes, reduzidos a papéis coadjuvantes de empregados domésticos, bandidos e escravos.
Mas basta observar os protagonistas das novelas da Globo para perceber que o homem branco hétero ainda é maioria. Na trama das 18h, há três deles como protagonistas: Alexandre Nero (Tico), Túlio Starling (Arthur) e Eduardo Moscovis (Ariosto).
Às 19h, ‘Família é Tudo’ tem Renato Góes (Tom), Jayme Monjardim (Luca) e Thiago Martins (Júpiter) nos papéis principais.
O folhetim das 21h, ‘Renascer’, possui o elenco com maior número de negros, porém, o protagonismo masculino também está com brancos heterossexuais: Marcos Palmeira (José Inocêncio) e Egídio (Vladimir Brichta).
A próxima novela na faixa, ‘Mania de Você’, traz Chay Suede (Mavi), Nicolas Prattes (Rudá) e Rodrigo Lombardi (Molina) liderando o elenco.
A fala com teor vitimista apresentada por Thiago Fragoso é tão desnecessária quanto a lacração de certos grupos. Elencos mais diversos representam a miscigenação brasileira. São um reflexo mais fiel da realidade da população.