Capa da edição de maio de ‘Vogue’, Anitta revela na matéria que não se abala mais com as recorrentes tentativas de ofendê-la nas redes sociais. “Já lidei mal com o ódio alheio. Hoje, penso que no fundo, todo hater é fã pedindo atenção.”
A conclusão da cantora ressalta uma obviedade: quem lança um ataque virulento contra alguém famoso espera uma repercussão estrondosa que o tire do anonimato, ainda que seja uma visibilidade efêmera.
Busca os tais ‘15 minutos de fama’ profetizados pelo artista pop Andy Warhol na década de 1960, muito antes de a internet fabricar celebridades da noite para o dia – e webfamosos sumirem na mesma velocidade.
Toda figura pública está suscetível à análise de suas declarações e obras. Não há problema em contestar, desde que seja a tal ‘crítica construtiva’, um clichê que faz cada vez mais sentido. Afinal, falar mal é bem diferente de argumentar para desconstruir ou acrescentar.
Quem xinga Anitta ou debocha de sua música, por exemplo, quer mesmo é ‘likes’, novos seguidores, compartilhamentos, ‘lacrar’ para aparecer. Sabe que polemizar em cima de uma celebridade amada e detestada na mesma proporção é uma maneira eficaz de projetar o próprio nome.
Até alguns famosos usam – propositalmente ou não – essa fórmula manjada. Nos últimos dias, o sertanejo Zé Neto gerou valioso marketing para si ao dizer em um show que sua dupla “não precisa fazer tatuagem no toba” para mostrar que está bem ou mal.
Após reações negativas, o cantor foi às redes sociais para afirmar que não citou o nome de ninguém. Precisava? Todo mundo sabe que Anitta tatuou a região anal e fez disso um ‘case’ de autopromoção. A referência é tão óbvia que não pode ser questionada. E ele confirmou o saldo da polêmica. “O engajamento tá top”, postou.
Zé Neto, aliás, já usou expediente semelhante ao compartilhar fotos de sunga após ter o volume do órgão sexual elogiado. Até ganhou matérias a respeito na imprensa. Na interpretação fria dos fatos, tanto ele quanto Anitta apelaram – e se beneficiaram da superexposição de um aspecto íntimo.
Nem todo hater é fã, como disse Anitta, mas certamente todo hater deseja sentir o gosto saboroso de virar alvo da atenção de centenas, milhares ou milhões de pessoas na internet. “Pior do que despertar rumores, é não despertar rumor algum”, sentenciou o dramaturgo irlandês Oscar Wilde, uma vítima do ódio no século 19.