Em um muro ao lado da entrada principal da estação de metrô Marechal Deodoro, na região central de São Paulo, há cartazes com uma mensagem provocativa.
“Na vida, quem te influencia?”
Foi-se o tempo em que a família – e especialmente os pais – era a grande fonte de influência da maioria das pessoas. A escola também perdeu espaço, assim como a igreja e os amigos.
Hoje, a inspiração, indução e manipulação estão concentradas no celular. Os influenciadores famosos exercem poder sobre seus seguidores a ponto de ser copiados no pensamento e comportamento e ainda faturam milhões com a venda de produtos de que ninguém precisa.
A pergunta dos cartazes suscita três verdades sobre essas celebridades da internet e o seu universo particular.
O seguidor nada mais é do que instrumento de enriquecimento do influenciador – O engajamento com ‘likes’, comentários e compartilhamentos gera mais relevância e, consequentemente, agrega valor ao dono do perfil. Na prática, as pessoas anônimas trabalham de graça para que um pequeno grupo tenha uma vida de luxo, ostentada para fazer o seguidor sonhar que um dia vai conquistar tudo aquilo também.
O influenciador só mostra o que quer para construir uma imagem pública conveniente – Tolo de quem acredita conhecer de verdade as grandes webcelebridades. Elas gravam e postam somente o que vai produzir repercussão positiva, seja por entreter, comover ou polemizar. Exibem sua melhor versão. Quem são realmente não fica ao alcance do olhar curioso dos seguidores.
Conteúdo vazio produz seguidores vazios – Todo mundo precisa se alienar de vez em quando. Não dá para levar a vida (e a si mesmo) a sério o tempo todo. Mas as redes sociais e os influenciadores se especializaram em manejar o público como se fosse um gado vulnerável às ordens. A maioria dos vídeos não apresenta nada relevante, apenas banalidades. Nenhum assunto é aprofundado. O seguidor gasta horas preciosas do dia e da noite consumindo cenas inúteis ao seu desenvolvimento. Pior: fica dependente dessa visão rasa de mundo, desse jeito superficial de viver.
Impossível não concluir que o seguidor devotado desses 'digital influencers' abre mão da própria vida para viver a realidade forjada de ídolos frágeis. O que ele ganha com isso? Na verdade, a pergunta que cada um deve fazer é outra: o quanto se perde com isso?