Nos episódios anteriores de racismo nos gramados, Vini Jr. recebeu poucas manifestações de solidariedade de personalidades de fora do universo futebolístico.
Desta vez, com a repercussão planetária do que aconteceu na partida entre Real Madrid e Valencia, o número de famosos a defender o jogador e protestar contra os racistas cresceu várias vezes.
Alguns, sinceros. Outros, indisfarçavelmente motivados pelos holofotes. Flagrante oportunismo a fim de usar um drama associado a uma causa social para se autopromover na internet e na televisão.
Essa indignação seletiva de vários artistas e subcelebridades é recorrente: ignoram vítimas anônimas, mesmo aquelas que eventualmente aparecem no noticiário, porque só se sentem motivados a ter empatia por iguais, ou seja, outros famosos.
Neste caso, vale fazer postagem de indignação (o “tamo junto” sempre aparece nos textos), forjar dor emocional pelo sofrimento alheio e até compartilhar comoventes relatos – verídicos? – de situações de discriminação vividas ou testemunhadas.
Enquanto isso, diuturnamente, negros sem fama, sem milhões de seguidores nas redes sociais e sem acesso à imprensa sofrem calados o racismo estrutural, o racismo institucional e o racismo cordial.
Por eles, poucas estrelas da mídia se enraivecem. São, na maioria dos casos, vítimas invisíveis. Não oferecem o palco desejado por militantes de ocasião interessados apenas em ‘likes’ e visibilidade.
O José xingado de ‘macaco’ ao fazer um delivery, a Maria seguida por seguranças no supermercado, o Luís revistado frequentemente sem motivação e a Ana obrigada a usar o elevador de serviço também merecem compreensão, amparo e defesa – por humanidade, não marketing.