Klara Castanho se manifestou nas redes sociais após publicar uma carta relevando ter sido estuprada, dado à luz e doado o bebê para adoção. A atriz comentou uma publicação da Zola Filmes, produtora de Bom Dia, Verônica, da Netflix, que terá Klara no elenco.
Na trama, sua personagem também vive um episódio de assédio sexual ao ser abusada pelo próprio pai, vivido por Reynaldo Gianecchini, aos 18 anos.
Após o drama de Klara Castanho vir à tona, a produtora prestou sua solidariedade. "Estamos ao seu lado! Seu talento, carisma e profissionalismo encantaram a todos no set da 2ª temporada de 'Bom Dia, Verônica'. Uma atriz genuína, uma pessoa doce e inteligente que só inspira amor e respeito".
"Nenhuma mulher deveria ser obrigada a expor uma violência que passou. Lamentamos muitíssimo por todo horror e sofrimento que lhe causaram. Todo nosso repúdio a quem expõe e tripudia da dor do outro. Basta de desrespeito à vida das mulheres! Klara, receba nosso amor e respeito", completou.
Klara respondeu a publicação e disse esperar que sua personagem traga "ventos de mudança".
"Que nossa Ângela traga ventos de mudanças. É só o que eu desejo agora. Obrigada pelo cuidado de vocês", manifestou-se.
Entenda
Klara Castanho revelou em uma carta aberta que gerou um bebê após um estupro. No relato, a jovem de apenas 21 anos, explicou que a gravidez aconteceu após um crime e que ela só descobriu que esperava uma criança no final da gestação, e por isso, optou por dar o bebê à adoção.
"Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la dessa maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada", comenta a atriz na carta, publicada em seu Instagram.
A atriz disse na carta que tomou todas as precauções médicas após sofrer o abuso sexual. Ela realizou exames e tomou a pílula do dia seguinte. Não teve mudanças físicas e hormonais. Alguns meses depois, quase no término da gestação, ela começou a passar mal e descobriu que estava grávida.
"Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Não tinha ganhado peso e nem barriga. Eu ainda estava tentando juntar os cacos quando tive que lidar com a informação de ter um bebê. Um bebê fruto de uma violência que me destruiu como mulher", escreveu na publicação, ao revelar ainda que o profissional que a atendeu não teve nenhuma empatia pela situação vivida por ela.
Seguindo todas as etapas obrigatórias, em processo sigiloso, ela tomou a decisão de entregar a criança para adoção. "Eu não tinha (e não tenho) condições emocionais de dar para essa criança o amor, o cuidado e tudo o que ela merece ter", explicou. "Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei", acrescentou ela.
No dia do parto, Klara disse ainda que uma enfermeira a questionou. "Imagina se tal colunista descobre essa história?", destacou na publicação. Ao chegar no quarto, ela já havia recebido mensagens do colunista, o qual não citou o nome. "Eu conversei com ele, expliquei tudo o que tinha me acontecido. Ele prometeu não publicar", disse.
A carta foi publicada após rumores surgirem quando Antonia Fontenelle disse em live que "uma atriz global de 21 anos teria engravidado e doado a criança para adoção". Após a carta, a youtuber e pré-candidata a deputada federal pelo Rio de Janeiro questionou: "Eu gostaria de saber porque estão tão revoltados comigo, me atacando por eu ter tido a coragem de mencionar uma história que ao meu ver é monstruosa, porém virou banal. (...) Como diz o próprio @leodias as pessoas não ficam indignadas com a notícia e sim com o carteiro, me poupem. Se eu soube disso foi através dele, agora cobrem dele, e se ele não quer falar, também é um direito dele". Logo após, ela publicou que fecharia os comentários de suas redes.
O colunista Leo Dias publicou um texto chamado "Estupro, gravidez indesejada e adoção: a verdade sobre Klara Castanho" que foi apagado após pressão de internautas. A editora-chefe do portal Metrópoles, Lilian Tahan, afirmou que "Expusemos de forma inaceitável os dados de uma mulher vítima de violência brutal. A matéria foi retirada do ar."