Os brasileiros que insultaram Gilberto Gil no Catar podem pegar até um ano de prisão, de acordo com o artigo 329 do Código Penal do país. A informação foi divulgada por O Globo, após o cantor ter sido hostilizado por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no estádio Lusail, onde aconteceu o jogo da Seleção Brasileira contra a Sérvia, na última quinta-feira, 24, pela Copa do Mundo.
A lei que determina a prisão em casos assim, promulgada em 1971, recebeu emendas em 2004, e prevê a possibilidade de multa para quem ofender outra pessoa em público.
O vídeo que registra o momento das ofensas ao cantor circula nas redes sociais (veja abaixo). As imagens mostram Gil, acompanhado de sua esposa Flora Gil, se dirigindo à arquibancada do estádio, enquanto são ofendidos com palavrões. "Vamo, Lei Rouanet", em referência à lei de incentivo a projetos culturais, e "Vamo, Bolsonaro", gritam também os torcedores. O cantor e a esposa não responderam aos insultos.
De acordo com o Código Penal de Catar, é crime "insultar um terceiro em público, endereçando-lhe palavras impróprias que afetem sua honra e dignidade". A pena prevista pode chegar a um ano de prisão e pagamento de multa de até 5 mil reais cataris, ou receber uma das duas penas. Na conversão, o valor equivale a R$ 7,4 mil.
Gilberto Gil se pronunciou após ter sido hostilizado. Em uma publicação em seu perfil no Instagram, agradeceu as manifestações de apoio. "Nossos agradecimentos, meu e da Flora. Enfim, por essa solidariedade, essa corrente solidária diante dessa agressão, essa coisa estúpida. É o terceiro turno, na verdade, né? Os inconformados querendo manter essa coisa do ódio, da agressividade", começou.
"Meus agradecimentos e da Flora a todos vocês que se fizeram solidários conosco nesse episódio, que na verdade é mais um dessa sequência do ódio. Essa coisa é o que eles gostam de fazer", concluiu o compositor.
Apoio ao cantor
Após a divulgação do vídeo nas redes sociais, personalidades prestaram solidariedade ao artista.
"Meu irmão na música e na vida, Gilberto Gil, foi injuriado por bolsonaristas no Catar. Ele tem 80 anos e estava com sua esposa. Quero prestar solidariedade ao gênio Gil e dizer que nós, os artistas, assim como a verdadeira sociedade, esperamos que os criminosos sejam punidos", escreveu Caetano Veloso em seu perfil no Twitter.
Preta Gil, a filha do cantor, também apoiou Gilberto Gil: "O que aconteceu com meu pai e Flora no dia do jogo do Brasil no Catar, onde foram agredidos verbalmente por um bolsonarista violento, é assustador", disse.
