A menos de uma semana do prazo final da retirada de Cabul conduzida pelos Estados Unidos, um dançarino de hip-hop afegão vê pouca chance de fugir e teme ser morto pelo Talibã.
"Hip-hop é cultura ocidental... é americano. Eles odeiam", disse o professor e coreógrafo de 27 anos, que pediu para permanecer anônimo por medo de represálias.
"Vinte anos atrás, se uma pessoa fosse pega ativa neste tipo de cenário, ou seria decapitada, ou morta a tiros", disse ele à Reuters por videoconferência, referindo-se à primeira vez que o Talibã ocupou o poder no Afeganistão, entre 1996 e 2001.
Com um grupo de colegas dançarinos, incluindo duas mulheres, ele ensinava dança de rua e se apresentava no Afeganistão e na Índia.
Mas sob o comando do Talibã, que proibiu que se tocasse instrumentos musicais durante seu primeiro governo, este tipo de dança quase certamente será banido. O Talibã diz que respeitará os direitos das mulheres e das minorias, mas muitos afegãos estão céticos e temem que antigos inimigos sejam detidos.
"Farei o máximo para chegar ao aeroporto e pegar um voo. Isso seria um milagre, seria uma salvação", disse o dançarino, membro da minoria étnica hazara, que é visada há tempos pelos militantes, incluindo o Talibã e o Estado Islâmico, devido à sua etnia e suas crenças religiosas.
Ele espera chegar à Espanha, onde seu irmão mora. O resto de seu grupo de dança deixou o país, mas ele ainda não conseguiu uma saída segura.