Impedido de fugir, dançarino afegão teme pela vida

"Hip-hop é cultura ocidental... é americano. Eles odeiam", disse o professor e coreógrafo de 27 anos, que pediu para permanecer anônimo

25 ago 2021 - 17h09
(atualizado às 18h02)

A menos de uma semana do prazo final da retirada de Cabul conduzida pelos Estados Unidos, um dançarino de hip-hop afegão vê pouca chance de fugir e teme ser morto pelo Talibã.

"Hip-hop é cultura ocidental... é americano. Eles odeiam", disse o professor e coreógrafo de 27 anos, que pediu para permanecer anônimo por medo de represálias.  

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"Vinte anos atrás, se uma pessoa fosse pega ativa neste tipo de cenário, ou seria decapitada, ou morta a tiros", disse ele à Reuters por videoconferência, referindo-se à primeira vez que o Talibã ocupou o poder no Afeganistão, entre 1996 e 2001.

Com um grupo de colegas dançarinos, incluindo duas mulheres, ele ensinava dança de rua e se apresentava no Afeganistão e na Índia.

Multidão aguarda do lado de fora do aeroporto em Cabul, Afeganistão
25/08/2021 foto obtida via rede social. Twitter/DAVID_MARTINON via REUTERS
Multidão aguarda do lado de fora do aeroporto em Cabul, Afeganistão 25/08/2021 foto obtida via rede social. Twitter/DAVID_MARTINON via REUTERS
Foto: Reuters

Mas sob o comando do Talibã, que proibiu que se tocasse instrumentos musicais durante seu primeiro governo, este tipo de dança quase certamente será banido. O Talibã diz que respeitará os direitos das mulheres e das minorias, mas muitos afegãos estão céticos e temem que antigos inimigos sejam detidos.

"Farei o máximo para chegar ao aeroporto e pegar um voo. Isso seria um milagre, seria uma salvação", disse o dançarino, membro da minoria étnica hazara, que é visada há tempos pelos militantes, incluindo o Talibã e o Estado Islâmico, devido à sua etnia e suas crenças religiosas.

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Ele espera chegar à Espanha, onde seu irmão mora. O resto de seu grupo de dança deixou o país, mas ele ainda não conseguiu uma saída segura.

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