A manchete não é boa para o ‘Jornal Nacional’: 2021 foi o ano com média mais baixa no Ibope desde sua criação, em 1969. No Painel Nacional de Televisão (PTN), teve 24 pontos, 3 a menos do que no ano passado.
Na comparação com uma década atrás, o ‘JN’ perdeu 25% de audiência, 1 a cada 4 telespectadores buscou outra atração na tradicional faixa das 20h30.
No sábado, 25 de dezembro, na última vez em que esteve na bancada antes da folga de fim de ano, o âncora e editor-chefe William Bonner fez uma rápida live no Instagram antes de o ‘JN’ começar para agradecer pela audiência no ano.
Sim, há razão para ser grato. Apesar do revés no Ibope, o ‘Jornal Nacional’ ainda tem liderança folgada. Marca 2 vezes e meia mais pontos do que o principal concorrente, o ‘Jornal da Record’.
Pelo segundo ano, o telejornal ofereceu ao telespectador uma cobertura notável da pandemia de covid-19. Não se restringiu aos dados frios das estatísticas de casos, mortes e vacinados.
Exibiu a humanidade sob o caos na saúde pública e fez a necessária cobrança às autoridades, como no editorial contundente lido por Bonner e a âncora e editora-executiva Renata Vasconcellos na edição que destacou a marca dos 500 mil mortos pelo coronavírus, em junho.
A queda de audiência do ‘Jornal Nacional’ é preocupante à Globo, porém, não deve ser rotulada como fracasso. Há dezenas de atrações em outros canais (abertos e pagos), nas plataformas de streaming e no YouTube. Inevitavelmente, a televisão vai cada vez mais dividir o bolo da audiência.
Entre altos e baixos, acertos e erros, o ‘JN’ se mantém relevante e necessário na era das fake news e do jornalismo explicitamente ideológico. Melhor contar com telejornais imperfeitos do que assistir à perda da liberdade de imprensa e o controle da notícia pelo Estado.