Os fãs do mais famoso casal de bonecos estão eufóricos com o filme estrelado por Margot Robbie e Ryan Gosling nos papéis de Barbie e Ken. A comédia romântica chegará aos cinemas em julho de 2023.
No Brasil, alguns rapazes recorreram a diversos procedimentos a fim de ficarem com a cara e o corpo do boneco criado em 1961 nos Estados Unidos.
Natural de Araxá, Celso Santebañes passou 2014 em evidência na mídia por incorporar o personagem. Esteve em vários programas de TV, participou de eventos e preparava o lançamento de seu próprio brinquedo, o Celso Doll.
Radicado em São Paulo, o mineiro usava a visibilidade na mídia para tentar alavancar a carreira de ator. Cursava escola de teatro e queria juntar dinheiro para tentar a sorte em Los Angeles. Tinha o sonho de atuar em produções de Hollywood.
Tudo começou a ruir em janeiro de 2015, quando ele recebeu a confirmação do diagnóstico de leucemia linfoide aguda após exames solicitados por um médico por conta de uma infecção provocada pelo hidrogel injetado em partes de seu corpo.
Imediatamente trocou a agenda de artista pelas sessões de quimioterapia. Compartilhava o dia a dia do tratamento com os fãs. Celso acreditava na cura e até começou a escrever um livro a respeito da batalha contra o câncer.
Tinha o apoio da namorada, a modelo Jennifer Pamplona, conhecida como Susi Humana por ser a versão em carne e osso da boneca rival da Barbie.
Sua saúde piorou antes que pudesse receber o aguardado transplante de medula. Em maio, foi internado no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
Debilitado, contraiu uma pneumonia bacteriana. Precisou ser sedado e ter a respiração controlada por aparelhos. Na tarde de 4 de maio daquele ano, Santebañes morreu aos 20 anos.
O velório atraiu centenas de pessoas em Araxá. O Ken humano mineiro foi enterrado ao lado do irmão mais velho, Celimar, que morrera anos antes, aos 18, vítima de um vírus.
A família viveu outra perda na sequência. Um mês e meio depois da despedida a Celso, seu pai, o jardineiro Célio, de 52 anos, morreu em consequência de graves ferimentos por atropelamento.
Santebañes teve brigas na imprensa com outro Ken, Maurício Galdi. O paulista, formado em Marketing e com registro de ator profissional, investiu em dezenas de procedimentos – desde plástica no nariz até remodelação da área dos olhos – para ficar mais parecido com o boneco da Mattel.
Ele conseguiu ter uma carreira internacional. Fez parte do elenco dos reality shows ‘House of Dolls’ e ‘Plastics of Hollywood’, nos Estados Unidos, ao lado de outras pessoas transformadas em personagens. Apareceu também em programas de TV de canais europeus.
No auge da fama, Galdi teve uma doença nos olhos e se abateu devido a uma severa depressão. Acabou sufocado pelo sucesso e a pressão para manter um visual perfeito.
Desistiu de ser o Ken brasileiro e buscou refúgio com a família. Mudou-se para o Espírito Santo. Hoje, aos 33 anos, tem uma vida menos exposta na mídia.
O terceiro ‘boneco humano’ brasileiro a viver um drama foi Rodrigo Alves. Ele se projetou internacionalmente pelas intermináveis correções estéticas para se assemelhar cada vez mais ao namorado da Barbie.
Vítima de bullying na infância por ser “gordinho e feio”, em suas palavras, o modelo paulista viu na figura do Ken a chance de conseguir a desejada autoaceitação e, ao mesmo tempo, mostrar ao mundo que poderia se adequar ao padrão de beleza exigido pela sociedade.
Depois de já ser famoso por conta de suas 80 cirurgias, ele tomou coragem para outra mudança radical: se assumiu transexual. Rodrigo se tornou Jessica.
Ganhou seios volumosos, bumbum empinado, curvas e cabelos longos. Uma Barbie ‘turbinada’. Fez também a resignação sexual e agora possui órgão sexual feminino.
Recentemente, ela se submeteu a uma intervenção nas cordas vocais para ter a voz mais condizente com sua nova identidade de gênero. Planeja ousar mais: passar por um transplante de útero. Sonha gerar o próprio filho. Aos 39 anos, finalmente se sente feliz consigo mesma.