Na manhã de sábado (18), agentes do Corpo de Bombeiros resgataram no rio Piraí, em Joinville (SC), o corpo do modelo e estudante Eduardo dos Santos Silva, de 23 anos. Ele estava desaparecido desde o domingo anterior.
No dia em que sumiu, o jovem foi deixado em uma ponte da cidade por um carro de aplicativo. Houve ampla mobilização para encontrá-lo. Eduardo era conhecido na região por participar de concursos de beleza. Em 2019 conquistou o título de Príncipe Teen no Mister Santa Catarina.
À imprensa local, a mãe dele, a diarista Cândida da Silva, contou que o filho sempre foi reservado. Nos últimos meses, a introspecção aumentou. Estava “desmotivado”. Ele se formaria em Nutrição no mês de setembro.
O modelo deixou um bilhete. “Sei que disse poucas vezes, te amo, mãezinha, desde pequeno chorei em silêncio, me perdoa”, diz trecho. Após a identificação do corpo, uma irmã do Mister Teen fez um post numa rede social. “Nosso Dudinha partiu”, escreveu. “Você foi um homem incrível.” Não houve velório. O enterro foi restrito a familiares.
Os indícios indicam que Eduardo sofria de depressão. O transtorno tem afetado cada vez mais brasileiros e houve explosão de novos casos a partir do início da pandemia de covid-19, principalmente por conta do estresse e da solidão causados pelo distanciamento social, o medo de contágio e a incerteza em relação ao futuro.
Assim como o Mister Teen, muitas pessoas públicas sofrem transtornos mentais em silêncio. Não revelam suas dores emocionais por temer prejuízo à imagem profissional. Ainda há preconceito social contra quem confessa suas fragilidades. Numerosa parte daqueles que padecem resiste a procurar um psiquiatra ou psicólogo.
Ninguém diria que um homem bonito, atlético, sensual e aparentemente feliz como Eduardo teria conflitos internos tão graves. “Quanta dor você escondia atrás do seu sorriso... Quantas lágrimas você derramou em segredo”, comentou uma seguidora numa rede social do modelo, que tinha milhares de fãs.
A depressão não poupa nenhum perfil. Quando não é tratada – há medicamentos de controle dos sintomas e psicoterapias – pode resultar em tentativa de suicídio.
Entre os famosos que tiraram a própria vida nos últimos anos por conta de um quadro depressivo estão o ator Flávio Migliaccio (aos 85 anos, em 2020), o chef de cozinha e apresentador Anthony Bourdain (com 61, em 2018), o DJ Avicii (aos 28, em 2018) e o vocalista do Linkin Park Chester Bennington (com 41, em 2017).
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente. Os homens representam a maioria. No Brasil, são 75% das vítimas. O machismo enraizado faz com que muitos deles não peçam socorro. Não é raro que parentes e amigos só descubram a existência da depressão após a perda dolorosa da pessoa.
Se você tem sintomas de transtorno emocional (sensação de ‘vazio’, desesperança extrema, irritabilidade permanente, perda de interesse por tudo, pensamentos de morte etc.) procure um profissional de saúde mental. O CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece canais onde voluntários estão disponíveis para conversar e aconselhar. O telefone é 188.