Embora os japoneses no geral admirem a música brasileira, poucos artistas daqui conseguiram se apresentar na Terra do Sol Nascente. No heavy metal, há nomes raros como Angra, Viper, Sepultura e Hibria. O Noturnall está prestes a entrar nesta galeria, com uma série de apresentações no país.
O público nipônico será o primeiro a conferir o grupo, formado em 2013 das cinzas do recém-encerrado Shaman, com seu novo guitarrista. Gabriel Veloso é também integrante do Storia, Inorbito e Urantia e ocupa a vaga deixada por Mike Orlando, americano ex-Adrenaline Mob que deixou a formação em 2022.
Completo por Thiago Bianchi (voz), Saulo Xakol (baixo) e Henrique Pucci (bateria), o quarteto tocará em Tóquio (Holiday Shinjuku, 21 e 22/02), Nagoia (Heartland Spade Box, 23/02) e Osaka (Gabu, 24/02). Na primeira cidade mencionada, a banda irá gravar um DVD, sob direção de Bianchi e Jason McNamara. Um videoclipe para uma faixa inédita também será registrado.
Os shows são promovidos pela gravadora japonesa Rubicon Music, que representa o quarteto no país e disponibilizou por lá seu álbum mais recente, Cosmic Redemption (2023). Além do Noturnall, participam o Majustice, banda japonesa liderada pelo vocalista brasileiro Iuri Sanson (ex-Hibria), e Illusion Force, grupo com integrantes locais e da Coreia do Sul.
À Rolling Stone Brasil, Thiago Bianchi conta que quase todos os seus álbuns foram lançados antes no Japão — desde os tempos de Karma, banda criada em 1999 que integrou antes de se juntar ao Shaman. O Noturnall, curiosamente, não obteve tanta popularidade inicial no país. Ainda assim, o cantor descobriu em recente viagem acompanhando o colega de profissão Edu Falaschi que segue reconhecido por lá.
"Para a minha surpresa, somos realmente conhecidos no Japão. Fui parado na rua várias vezes, havia uma fila grande de autógrafos para discos do Shaman e do Karma. Descobri depois que a música do X-Japan que regravamos com o Shaman, 'Kurenai', foi um grande hit lá — a ponto de me reconhecerem fisicamente na rua. Antes havíamos focado internacionalmente na Rússia, onde fizemos turnê com o Disturbed, mas por conta da guerra, decidimos voltar as atenções para o Japão."
Após o lançamento japonês de Cosmic Redemption e pontes feitas pelo guitarrista do Majustice, Jien Takahashi, e de Juan Corral, membro do empresariamento do Noturnall, surgiu o convite para uma turnê pelo país — e como atração principal. De acordo com Bianchi, os ingressos já estão próximos de se esgotarem e a produção considera até mesmo mudar os eventos para locais maiores.
Quanto à chegada de um novo guitarrista, Thiago enfatiza, primeiro, seu agradecimento a Léo Mancini e Victor Franco, que nos últimos anos atuaram como membros temporários antes da chegada definitiva de Veloso. Nenhum deles pôde permanecer devido a outros compromissos de carreira — o que abriu espaço para o atual integrante.
"Todas as bandas que tive na vida tiveram problema com outros integrantes que tinham agenda com outras bandas. Para não passar mais por isso, decidimos trazer alguém totalmente novo, sem grandes compromissos com outras bandas. É alguém que várias pessoas indicaram, o Instagram dele recebe comentários de músicos como Kiko Loureiro, Jason Richardson, Roberto Barros e Marcelo Barbosa. Tem pouca idade, mas ao mesmo tempo traz um dialeto novo, com influência do djent, do math metal."
Noturnall atualmente
A visita do Noturnall ao Japão faz parte da Cosmic World Tour, que promove o já mencionado álbum Cosmic Redemption (2023). A excursão já teve mais de 150 datas nas Américas do Norte, Central e do Sul, Europa e Oceania.
Nos meses seguintes, o quarteto realiza turnê pelo Brasil com Edu Falaschi, reeditando a parceria de 2024. Ao todo 24 datas já estão confirmadas, entre junho e agosto, passando por quatro das cinco regiões do país. Os grupos Auro Control, da Bahia, e Krakkenspit, de Goiás, também compõem a programação.
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