Especialmente no rock, quando se pergunta a um ícone do estilo quais os seus álbuns favoritos, normalmente as escolhas recaem sobre bandas mais antigas ou contemporâneas àquele artista. Não é o caso de Ozzy Osbourne.
Em 2017, o vocalista foi convidado pela Rolling Stone EUA para indicar seus 10 discos favoritos de metal em todos os tempos. Ele, que estreou com o Black Sabbath em 1970, praticamente só escolheu trabalhos lançados muito tempo após o início de sua carreira — seja por sua banda ter estabelecido as bases para o próprio estilo, seja pela atenção constante de Osbourne a novos talentos.
Entre os nomes citados pelo Madman estava o Alice in Chains, um dos grupos mais populares do movimento grunge. Ao exaltar o álbum de estreia Facelift, lançado em 1990, o cantor declarou:
"Um disco de estreia incrível. [A música] 'Man in the Box' é um clássico. [O vocalista] Layne Staley era amável. É uma pena que ele não tenha conseguido controlar seus demônios [nota: ele faleceu em 2002 após anos de dependência química]."
Ozzy Osbourne e Alice in Chains
Curiosamente, a história de Ozzy se cruzou com a do Alice in Chains em mais de uma situação. A primeira delas ocorreu entre 1989 e 1992, quando o baixo de seu grupo foi assumido por Mike Inez. Em 1993, o músico entraria justamente para a banda grunge, na vaga deixada por Mike Starr.
O outro caso se deu já no século 21. Em 2004, enquanto se recuperava de um grave acidente de quadriciclo, Osbourne decidiu gravar um álbum de releituras chamado Under Cover. Para o disco, que acabou saindo em 2005, convocou ninguém menos que Jerry Cantrell, guitarrista e um dos principais compositores do Alice in Chains, para assumir temporariamente a vaga que era de Zakk Wylde.
Curiosamente, a ideia original era registrar canções inéditas. Em entrevista ao site IgorMiranda.com.br, Cantrell relembra:
"Depois de Degradation Trip [álbum lançado por Jerry em 2002], Robert [Trujillo, baixista], Mike [Bordin, baterista] e eu trabalhamos em algumas coisas juntos. Acho que tentamos compor algo juntos para Ozzy Osbourne [nota: Cantrell e Bordin gravaram juntos Under Cover, mas antes tiveram sessões criativas ao lado de Trujillo]. Daí, tocamos juntos em mais algum outro lugar, mas nunca tivemos a chance de fazer outro disco juntos [até I Want Blood, de 2024]."
Apoio com "pé no traseiro"
Por sua vez, Mike Inez revelou em 2017 ao Rick Eisen Show (via site IgorMiranda.com.br) que deixou a banda de Ozzy justamente para entrar no Alice in Chains, com quem segue até hoje. Nesta entrevista, o baixista revelou como o cantor recebeu a notícia de sua saída.
"Estávamos em Reno, Nevada. Era um belo dia de sol e neve. Eu disse: 'Ozzy, preciso falar com você'. Fomos para fora e eu disse: 'os caras do Alice in Chains querem que eu vá para a Europa com eles'. Ele me olhou direto nos olhos e disse: 'se você não for, teremos que ir para o hospital'. Eu perguntei: 'por quê?'. E ele falou: 'porque vai demorar uma semana para tirarem o meu pé do seu traseiro!'. Ele disse: 'você parece se dar bem com aqueles caras, eles são uma banda fantástica'. Até hoje temos uma ótima relação com Ozzy e sua família."
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