A história da lendária parceria entre Marianne Faithfull e Metallica

Cantora famosa na década de 1960 experimentou diversos "retornos" ao mundo da música — um deles ao lado de uma das maiores bandas da história do metal

30 jan 2025 - 18h31
Metallica e Marianne Faithfull em 2011
Metallica e Marianne Faithfull em 2011
Foto: Tim Mosenfelder / WireImage / Rolling Stone Brasil

Marianne Faithfull nos deixou. Aos 78 anos, a artista que se notabilizou pelo hit "As Tears Go By" e pelo filme A Garota da Motocicleta — além do relacionamento com Mick Jagger e o vício em drogas que a colocou nas ruas — também construiu uma série de parcerias na música. Uma delas, com o Metallica, se destaca não apenas pelo caráter inicialmente inusitado, mas pelo resultado espantosamente positivo.

Os altos e baixos pessoais de Faithfull fizeram, também, com que sua carreira acabasse marcada por hiatos. Na década de 1990, o momento era positivo: ela teve mais um ressurgimento ao participar do histórico show de Roger Waters na Alemanha, reproduzindo o espetáculo The Wall após a queda do Muro de Berlim. Na ocasião, a artista desempenhou o papel da mãe superprotetora do personagem Pink.

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Em 1990, ela ainda lançou o álbum ao vivo Blazing Away, com faixas que marcaram sua carreira. Quatro anos depois, disponibilizou sua autobiografia, trazendo sua versão para uma das histórias mais impressionantes do showbiz: uma mulher que foi do céu ao inferno várias vezes. Já em 1997, veio o movimento inesperado que o primeiro parágrafo deste texto antecipa: uma parceria com o Metallica, que vivia um período de enorme popularidade com o sucesso do Black Album (1991) e a sequência Load (1996).

Metallica e Marianne Faithfull

Reload (1997), um disco praticamente irmão daquele que saiu no ano anterior, trouxe como principal single a música "The Memory Remains". O peso característico do grupo americano — que já não era exatamente uma banda de metal à moda antiga, mas ainda soava com enorme densidade — se fundiu à voz da inglesa para uma colaboração que, na parte dela, não tinha letra: apenas dramáticas repetições de "la, da, da, da, la, da, da, da, la, da, da, da".

O timbre do canto de Marianne merece uma menção à parte. Sua voz mudou drasticamente ao longo das décadas em função do uso de drogas. Ficou mais grave, forte, perfeita para uma música do Metallica.

Em entrevista de 2014 à Billboard (via site Igor Miranda), a cantora disse ter sido completamente surpreendida pelo convite para a participação. Ela contou que, um dia, simplesmente recebeu um telefonema de Lars Ulrich, baterista e um dos líderes do grupo, a chamando para uma parceria.

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"Pediram que eu fosse até Dublin gravar e me colocaram na canção. Nasceu uma grande amizade e mantivemos contato."

Por meio das redes sociais, Ulrich esteve entre os primeiros a homenagear Faithfull ao saber da notícia de sua morte. Ele declarou:

"Obrigada, Marianne…

Pelos bons momentos

Pela sua gentileza

Pelas grandes histórias

Pela sua coragem

…E o maior 'Obrigado' e 'F#ck Yeah' pela sua incrível e única contribuição para a nossa música, e por estar sempre tão disposta a se juntar a nós para executá-la… e participar das travessuras que se seguem! Descanse em paz."

A canção também ganhou um videoclipe, dirigido por Paul Andresen, e foi executada ao vivo duas vezes por Marianne ao lado do Metallica: em 1997, no programa de TV Saturday Night Live, e em 2011, durante uma série de shows comemorativos dos 30 anos do grupo.

Repercussão de "The Memory Remains"

O single de "The Memory Remains" atingiu o 28º lugar da parada americana e o top 10 em uma dezena de países, incluindo Reino Unido, Austrália (onde recebeu certificação de platina) e Espanha. A faixa em si foi executada mais de 300 vezes pela banda ao longo dos anos. Normalmente, o público canta o trecho "la, da, da, da, la, da, da, da, la, da, da, da" a plenos pulmões. Certamente continuará desse jeito, mas agora em homenagem a Marianne Faithfull.

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