O Monsters of Rock, que acontece no próximo fim de semana na Arena Anhembi, em São Paulo, é um festival de headliners veteranos. Além de Ozzy Osbourne, Kiss e Motörhead, o Accept é um dos “monstros” que integram o line-up. Aliás, a história do Accept se mistura com a do festival.
“Nós temos uma longa história com o Monsters, desde os anos 1980. Tocamos na Alemanha, em todos os lugares. Foram ocasiões muito especiais e voltar dessa vez, ainda mais na América Latina, é imbatível”, diz o guitarrista Wolf Hoffmann em entrevista ao Terra.
Para qualquer fã de metal, Hoffmann é sinônimo de experiência e muitos anos de dedicação ao gênero. Há mais de 30 anos na ativa, apesar de uma sucessão de hiatos, ele esteve presente em todas as reuniões da banda e ainda acha divertido ser chamando de “senhor” – como forma de respeito – por quem conhece seu valor como músico.
O último show do grupo no Brasil foi em 2013, com a turnê do álbum Stalingrad, um dos favoritos dos fãs, e agora eles estão de volta com Blind Rage, lançado em 2014. “Decidimos incluir seis músicas desse novo disco no setlist, pela recepção que ele teve. Queremos dar aos fãs o que eles querem ouvir”, declara.
Os shows no Brasil – além de São Paulo, a banda tocou no Rio de Janeiro na última quinta-feira (23) –, marcam os cinco anos de uma nova fase do Accept, com o vocalista Mike Tornillo, que substituiu Udo Dirkschneider, hoje em carreira solo. “Qualquer coisa era possível, não sabíamos o que esperar. E [os fãs] gostaram, então cá estamos cinco anos depois, com três álbuns e muitas turnês. Não poderíamos estar mais felizes”, comemora Hoffmann, no domingo (26) sobe ao palco da Arena Anhembi também acompanhado de Peter Baltes, Herman Frank e Christopher Williams.
Leia a entrevista completa com o guitarrista:
Terra - Apesar de tantos anos de carreira, vocês não costumam fazer shows nostálgicos. Como vocês recarregam essa energia?
Wolf Hoffmann - Quando você gosta do que você faz, é automático. Nunca sentimos que estamos indo trabalhar, e sempre queremos provar algo. Estamos tão inspirados quanto quando éramos mais jovens, porque amamos isso. Às vezes, juro por Deus, quanto eu estou no palco, ou me preparando para uma turnê, eu ainda me sinto um garoto. É a mesma emoção. Não sei quando isso vai mudar, mas ainda aproveito cada momento.
Terra - Isso acontece no estúdio também?
Wolf Hoffmann - No estúdio de gravação, às vezes quando chegamos à gravação mesmo pode ser um processo mais tedioso. Eu gosto, mas não tanto quanto quando criamos as músicas, esse é o momento mágico para mim. É quando sentamos e escrevemos as demos, você as vê tomando forma, criar algo, isso é fantástico. No estúdio, você só precisa repetir e colocar em uma faixa, mas a mágica está na primeira parte.
Terra - Olhando para esses cinco anos que se passaram desde a chegada de Mark nos vocais, como você avalia esse novo Accept?
Wolf Hoffmann - Para mim passou muito rápido. Nós encontramos Mark de uma forma muito espontânea e chamamos ele para fazer parte do grupo. Ninguém estava procurando um vocalista, na verdade. Nada disso foi planejado. Então decidimos torná-lo nosso vocalista, sem saber nada do que aconteceria, se seríamos bem sucedidos ou não, ou os fãs odiariam. Qualquer coisa era possível, não sabíamos o que esperar. Então continuamos fazendo o que sabemos fazer, que é criar músicas e colocar toda a nossa energia nisso, e deixamos a decisão nas mãos dos fãs. E eles gostaram, então cá estamos cinco anos depois, com três álbuns e muitas turnês. Não poderíamos estar mais felizes. Funcionou melhor do que imaginamos.
Terra - Depois de tantos anos na ativa, vocês ainda sentem que existem desafios?
Wolf Hoffmann - Com certeza. Existem sempre um grande desafio na esquina. Todo músico tem isso, eu acho. Sempre olhamos o horizonte e pensamos nos nossos objetivos, nossas turnês, nossos discos. O melhor está sempre por vir.
Terra - Recentemente, muito se falou na mídia sobre uma comemoração dos 30 anos do lançamento do álbum Metal Heart, um dos mais revelantes para vocês e para o metal como um todo. Vocês costumam se envolver com datas assim?
Wolf Hoffmann - Na verdade nós não comemoramos, é sempre a imprensa ou são os fãs. Acho que chegamos a um ponto que, estamos fazendo isso por tanto tempo, que é possível comemorar todos os anos! Todo ano é aniversário. Não focamos nisso, para ser sincero. Queremos sempre pensar no presente.
Terra - Mas isso o incomoda?
Wolf Hoffmann - Não me incomoda, mas acho que alguns artistas comemoram demais seus aniversários e ocasiões especiais. Hoje em dia fazem isso com muita frequência, sabe? Não gostamos de olhar tanto para o passado. Mas Metal Heart foi um álbum muito importante. Ele marcou nosso sucesso internacional, foi um grande passo, incluímos música clássica nele também, o que virou uma tradição para nós.
Terra - Festivais com o Monsters Of Rock possibilitam o encontro de vocês com velhos amigos, além de ouvir novas bandas. Vocês gostam da experiência?
Wolf Hoffmann - Quando estou em casa, eu não costumo escutar tanto metal. Sempre absorvemos coisas, mas vivemos numa espécie de bolha, sabe? No nosso mundo. Mas sempre que estamos em festivais como o Monsters, é ótimo encontrar novas bandas e reencontrar amigos. É uma das maiores vantagens, na verdade.
Terra - Você tem um trabalho solo também, no qual trabalha há muito tempo. Teremos alguma novidade em breve?
Wolf Hoffmann - Por anos e anos, né? (Risos) Eu não tenho muito tempo para ele. Sempre trabalho duas semanas nele, depois paro, volto meses depois. Está quase completo, talvez no fim do ano, espero (risos).