Dallas Green sobre shows extras no Brasil: “muito surpreso”

Projeto solo do músico canadense, City and Colour chega ao País pela primeira vez com turnê de quatro datas. Em entrevista ao Terra, ele fala sobre a expectativa pelas apresentações

11 mar 2015 - 12h39
(atualizado às 13h09)
<p>Banda de Dallas Green, ex-Alexisonfire, estreia com show em São Paulo nesta quarta (11)</p>
Banda de Dallas Green, ex-Alexisonfire, estreia com show em São Paulo nesta quarta (11)
Foto: Stuart Wilson / Getty Images

Mais de uma década no palco pode amenizar a expectativa do pré-show. Não para Dallas Green. O músico por trás do City and Colour, que se apresenta nesta quarta-feira (11) pela primeira vez no Brasil, está na estrada desde 2001, mas ainda se assusta quando seus shows lotam a ponto de ser obrigado a abrir datas extras.

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Esse foi o caso da turnê brasileira do canadense. Com apenas um show marcado em São Paulo, além de outro no Rio de Janeiro, Dallas viu os ingressos evaporarem em poucas horas. O resultado foi mais duas apresentações anunciadas na capital paulista, completando uma turnê de quatro shows antes de embarcar para o Chile.

A mudança de planos foi simbólica, afinal, o City and Colour não nasceu com o objetivo de durar tanto tempo. Tudo começou com um projeto paralelo do músico, que em 2005 já viajava pelo mundo como guitarrista e vocalista do Alexisonfire, um dos maiores nomes do hardcore melódico, o famigerado emo. Os planos nunca incluíram a saída de Dallas da banda, ele garante, mas com os anos o City and Colour tomou proporções cada vez maiores com os álbuns Sometimes, Bring Me Your Love, Little Hell e o recente The Hurry and The Harm

No Canadá, o projeto ganhou o reconhecimento e faturou três prêmios no Juno Awards. Recentemente, Dallas deu mais um passinho no mainstream com o You+Me, parceria com a cantora P!ink, que resultou no álbum Rose Ave. Mas no Brasil, o jeito era acompanhar tudo de longe, sem planos de shows. Até o fim de 2014, com o anúncio das datas no Cine Joia (SP) e no Sacadura 154 (RJ).

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De poucas palavras no palco, Dallas Green é conhecido pelas letras melancólicas, daquelas para cantar com o coração na boca. As primeiras foram escritas aos 16 anos. Hoje aos 34, o romantismo adolescente pode ter ficado no passado, mas ele ainda mantém seus questionamentos pessoais. "É uma maneira de lidar com meus problemas e com todas as coisas para as quais eu não tenho resposta”, explica, em entrevista ao Terra. Antes do show, ele fala sobre o rumo que o City and Colour seguiu ao longo dos anos e dá uma vaga ideia do que vai se passar na sua cabeça quando finalmente ouvir o coro dos fãs brasileiros.

Terra - De início, você faria apenas dois shows no Brasil. De repente, a procura se mostrou enorme e você foi praticamente obrigado a abrir mais duas datas. Foi inesperada essa popularidade?

Dallas Green - Eu fiquei muito surpreso. As pessoas têm pedido shows aí há muito tempo, então eu sabia que alguém apareceria (risos). Mas eu não sabia o quanto eles estavam ansiosos. É sempre surpreendente pra mim quando meus shows vendem com essa rapidez. Acho que nunca vou me acostumar com isso.

Terra - O City and Colour é um ótimo exemplo de projeto solo que foi além das expecativas ao longo dos anos e se tornou um sucesso. Você costuma pensar no porquê disso?

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Dallas Green - O City and Colour começou como um projeto paralelo. Eu tinha algumas músicas solo que as pessoas começaram a compartilhar online e nós pensamos apenas em lança-las para ver o que acontecia. Você tem razão, não tínhamos nenhuma expectativa. Eu só lançava algumas músicas novas e fazia alguns shows entre as turnês do Alexisonfire. Acho que isso me ajudou a começar. Ninguém sabia quando eu faria outros shows de novo ou quando lançaria outro álbum. Acho que foi isso que levou as pessoas aos shows: a ideia de que elas talvez não teriam outra chance de me ver de novo, e isso me fez construir uma base de fãs maior.

Foto: Stuart Wilson / Getty Images

Terra - Você sempre diz que se considera uma pessoa pessimista. Como você conseguiu fazer com que esse projeto durasse tanto tempo?

Dallas Green - Eu definitivamente me preocupo muito e me questiono: será que sou bom o bastante, essas músicas são boas o bastante, as pessoas vão querer ouvir? Mas eu amo o que eu faço. Eu não sei fazer nada além disso. E prometi a mim mesmo que eu continuaria fazendo até quando eu for bem-vindo.

Terra - Qual é a sensação que você busca quando está no palco?

Dallas Green - É uma mistura de sensações. Eu sempre espero fazer um bom show para quem quis estar lá. Isso é muito importante pra mim. Eu tento me divertir em cada um, até porque toco com um grupo de caras incríveis. Mas quando você assiste atentamente, pode apostar que eu estou cantando e revisando o show na minha cabeça, imaginando se todo mundo está gostando. Como você pode ver, existe um padrão aqui (risos).

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Terra - As músicas do seu primeiro álbum como City and Colour e as mais recentes são bem diferentes, mas dá pra notar o caminho que você seguiu em cada disco e encontrar um sentido na obra como um todo. Como o tempo e as coisas que aconteceram na sua vida influenciaram nessa mudança de sonoridade?

Dallas Green - Cada disco reflete as coisas que estão acontecendo na minha vida enquanto escrevo as músicas. As minhas composições são muito pessoais. Minhas músicas são o que os diários são para outras pessoas, uma maneira de lidar com meus problemas e com todas as coisas para as quais eu não tenho resposta. As músicas de Sometimes foram escritas quando eu tinha 16 anos, mas eu gravei muito tempo depois. Sou uma pessoa muito diferente agora, acho que isso está refletido em todas elas.

Terra - O City and Colour sempre foi um projeto muito pessoal. Como é ver que muitas pessoas se identificam com essas músicas que saíram de uma vivência tão sua?

Dallas Green - Eu entendo completamente, porque a música é pessoal. Ela me ajudou a passar por momentos difíceis, mas também me ajudou a celebrar outros alegres. Fico feliz quando vejo que as pessoas podem interpretar minhas músicas e se apropriar para a vida delas. É bom saber que pessoas que nunca conheci podem encontrar um conforto em algo que eu escrevi. Eu nunca esperei que isso fosse acontecer, então é um dos bônus do meu trabalho.

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Terra - Você tem seu próprio selo e nunca se interessou em assinar com uma grande gravadora, apesar de ter sido abordado por muitas. O que influenciou nessa sua decisão?

Dallas Green - Eu tenho sorte de trabalhar com meus amigos. Isso é muito importante pra mim. Meus empresários são meus amigos e meu selo também. Nós trabalhamos muito próximos, e eles me entendem. Temos um objetivo em comum e crescemos juntos nessa indústria desde o início. Eu não gostaria que fosse de qualquer outro jeito.

The Hurry and The Harm é o quarto disco do City and Colour, que toca faixas de todo o repertório nos shows do Brasil
Foto: Divulgação

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Fonte: Terra
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