Era fácil deixar Gal Gosta irritada. Basta insistir em perguntar a respeito de sua vida amorosa e sexual. A cantora fechava a cara e dava uma resposta lacônica. Jamais comentava o que viveu.
Sabe-se que ela foi casada com o violonista Marco Pereira e namorou outras famosas, como a também cantora Marina Lima e a atriz Lúcia Veríssimo.
"Não escondo nada de ninguém, mas não falo sobre isso", disse à 'Folha de S. Paulo'.
A artista não gostava de rótulos. "Pra mim, existe uma pessoa sexual. Só isso. Você tem que fazer o que está a fim, na hora em que quiser."
Era uma celebridade que detestava a invasão de privacidade. Considerava desnecessário expor os relacionamentos.
Mesmo sem querer, Gal se tornou um ícone da comunidade LGBTQIAP+, especialmente idolatrada entre as lésbicas. Sua liberdade de amar serviu de inspiração.
Assim que a morte dela, aos 77 anos, foi anunciada na GloboNews, outras cantoras LGBT+ surgiram na emissora para homenagear seu legado e a contribuição contra o preconceito. Entre elas, Zélia Duncan, Leila Pinheiro e Adriana Calcanhotto.
O destemor de Gal em desejar, se apaixonar e namorar quem quisesse, homem ou mulher, é muito anterior às conquistas recentes da comunidade do arco-íris.
Um momento inesquecível de seu enfrentamento contra o conservadorismo ocorreu no Rock in Rio, em 1994, quando ela abriu a camisa e deixou os seios à mostra ao cantar 'Brasil', de Cazuza, eternizada na abertura da novela 'Vale Tudo', da Globo.
Sua figura libertária e a rica produção artística geraram documentos históricos, como a série documental 'O Nome Dela é Gal', do canal HBO Max.
Está em produção o filme 'Meu Nome é Gal', com Sophie Charlotte (a Maíra da novela 'Todas as Flores', do Globoplay) interpretando a cantora. Ainda não há data de lançamento.