Nesta segunda-feira, 27 de janeiro, o cantor e compositor Djavan completa 76 anos. Nascido em Maceió, Alagoas, o artista que se consagrou como uma das grandes vozes da música brasileira fugiu de casa para seguir carreira artística. Relembre o início e trajetória do artista que conquistou uma legião de fãs com suas composições poéticas e profundas.
Fuga de outras carreiras
Djavan Caetano Viana foi criado pela mãe, dona Virgínia Viana, ao lado de irmãos e primos, após a ausência definitiva do pai, que partiu quando ele tinha apenas três anos. Durante a juventude, sua primeira paixão foi o futebol, jogando como meio-campista no time juvenil do CSA, clube de sua cidade natal, mas aos 13 anos o jovem teve seu primeiro contato próximo com a música e, a partir daí, não pensou em outro caminho.
Quando aprendeu a tocar violão aos 16 anos e descobriu o que realmente movia sua alma, a família compartilhou o desejo de que ele seguisse carreira militar e se transformasse em um estudante na Academia das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro. Insatisfeito com a possibilidade, Djavan decidiu fugir de casa e buscou refúgio com um parente em Recife, onde ficou por algum tempo.
Quando retornou a Maceió, determinado a perseguir seu sonho de ser cantor, encontrou apoio em amigos e a família aceitou a vocação. "Quando voltei para Maceió, decidido a ser cantor, eles [a família] aceitaram a ideia. Aí, com amigos, fundei a banda LSD, que fazia cover dos Beatles e passamos a tocar em bares. Paralelamente, eu fazia shows solo de voz e violão, e um dos lugares onde me apresentava era o restaurante A Portuguesa, no CRB, clube rival do CSA", contou em conversa com o Correio Braziliense.
Sonho no Rio de Janeiro
Aos 23 anos, Djavan partiu para o Rio de Janeiro, onde enfrentou os desafios comuns do início de uma carreira artística. Apesar das portas fechadas e de ouvir que sua música era "diferente demais" para o mercado de nomes como os famosos radialistas Adelson Alves e João Melo, da Som Livre, ele não desistiu.
Foi o produtor Waltel Branco quem o encorajou a persistir e abraçar sua originalidade, mesmo diante das críticas. Com sua música carregada de influências do jazz, da MPB e de sonoridades africanas, Djavan conquistou o Brasil e, posteriormente, o mundo. Álbuns como A Voz, o Violão, a Música de Djavan, Luz e Djavan ao Vivo tornaram-se clássicos da carreira de sucesso.
Movido pela música
Djavan sempre prezou pela liberdade artística. Foi pioneiro na produção musical independente, criando sua própria gravadora, a Luanda Records, em 2001. Em entrevistas, o cantor revelou que há mais de 15 anos realiza todas as etapas de seus projetos sozinho: compõe, canta, produz, cria arranjos e cuida dos detalhes técnicos.
Casado com Rafaela Brunini desde o início dos anos 2000, Djavan é pai de cinco filhos e se mantém ativo no cenário musical. Seu álbum mais recente, Origem (73-75), lançado em 2024, faz uma viagem até o passado do cantor e resgata composições gravadas antes do lançamento de seu primeiro disco autoral, A Voz, o Violão, a Música de Djavan.
Aos 76 anos, Djavan continua a ser uma referência de talento, coragem e autenticidade. Em 2024, foi anunciado o musical Djavan - O Musical: Vidas pra Contar, uma homenagem que retratará momentos marcantes e composições emblemáticas da trajetória do artista. Ainda sem data de estreia, o projeto está na fase de seleção do elenco e busca um intérprete para dar vida ao músico nos palcos.