A Justiça do Rio de Janeiro determinou a retirada da música 'Million Years Ago', da cantora britânica Adele, de todas as plataformas de streaming após considerá-la plágio da canção 'Mulheres', de Toninho Geraes, popularizada na voz de Martinho da Vila. De acordo com a defesa do compositor brasileiro, há provas que apresentam o caso.
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A decisão foi dada na última sexta-feira, 13, pelo juiz Victor Agustin Jaccoud Diz Torres, da 6ª Vara Empresarial do Rio, e conta com uma multa de R$ 50 mil, caso não seja cumprida. Ao Terra, o advogado Fredímio Biasotto Trotta, que representa a defesa de Geraes, afirmou que tentaram inicialmente notificar a cantora e as gravadoras, mas que não receberam respostas.
“Tudo começou com as notificações, contendo mais de 80 laudas, remetidas em maio de 2021 à Adele, Greg Kurstin, XL Recordings, Sony e Beggars Group. Apenas a Sony respondeu, afirmando que o assunto se encontrava em mãos da própria Adele e da XL. Enquanto isso, fomos produzindo outras provas”, explicou.
De acordo com ele, foram reunidos vídeos comparativos, análises de partituras, depoimentos de músicos e de ouvintes – “teste do observador comum”, importantes em casos de plágio. Durante este processo, a defesa descobriu que a Universal Music Publishing MGB Brasil Ltda, onde estão editadas as músicas do compositor de 'Mulheres', também estava editando as músicas de Adele.
“Em evidente conflito de interesses em prol da artista britânica e em detrimento do compositor brasileiro”, pontuou Biasotto. “Tentamos resolver amigavelmente, mas a Universal não cedeu. Enquanto isso, Adele continuava em silêncio, recusando -se a comentar o caso, até perante jornalistas internacionais”.
Devido ao impasse, a defesa avançou com uma ação de rescisão contratual contra a Universal em dezembro de 2023 e, em fevereiro deste ano, com a ação de reconhecimento de plágio, coautoria, cumulada com indenização por danos morais e materiais. O compositor pede R$ 1 milhão.
Para o advogado, a decisão demonstra que a Justiça brasileira está atenta e forte. “É um divisor-de-águas. Até aqui, Adele, Kurstin, Universal, Sony e Beggars Group se mantiveram em posição de cômoda indiferença. O submarino submergira. Agora terá que aparecer. O tempo, agora, começou a correr contra eles. A situação se inverteu”, pontuou.
“Não dá mais para ficara calado - atitude de culpado que sabe que é culpado - e fingir que nada aconteceu”, concluiu.
Ao Jornal Nacional, Geraes afirmou que, com a decisão judicial, começou a “sentir o gosto da Justiça”.
O Terra tenta contato com as empresas citadas. O espaço permanece em aberto para manifestações.