O cantor Liam Payne, ex-vocalista do One Direction, precisou ser internado às pressas na Itália devido a uma infecção renal aguda conhecida como pielonefrite.
“Essa é uma doença inflamatória infecciosa, que, muitas vezes, é causada por bactérias que sobem da bexiga para os rins. Ela acomete o parênquima renal, onde se localizam as estruturas funcionais produtoras de urina, e a pelve renal, porção dilatada do rim. A bactéria penetra no organismo pela uretra, alcança a bexiga, sobe pelos ureteres e se instala em um ou nos dois rins, comprometendo seu funcionamento”, afirma Caroline Reigada, médica nefrologista, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
A pielonefrite pode ser aguda ou crônica e, nos dois casos, pode evoluir para uma lesão renal. A forma aguda surge de uma hora para outra, enquanto a crônica é relacionada a causas subjacentes como diabetes ou cálculos coraliformes.
“Nesse caso, as infecções agudas repetidas ou mal curadas fazem os rins perderem sua capacidade de funcionamento aos poucos, levando à falência”, diz a médica nefrologista.
Entre os sintomas, estão febre, calafrios, sudorese, náuseas, vômitos e mal-estar.
“Muitos pacientes também sentem dor lombar e pélvica, no abdômen e nas costas; eles sofrem com urgência e dor para urinar, sinal de pus e de sangue na urina, que pode ficar turva e, em alguns casos, com cheiro fétido”, diz a médica.
Ela lembra que a infecção bacteriana crônica pode provocar lesões irreversíveis nos rins.
Curioamente, a doença afeta mais as mulheres
A doença afeta mais mulheres que homens por razões anatômicas.
“O tamanho da uretra feminina [3 cm] é muito mais curto do que a masculina [12 cm] e está localizada próxima ao ânus, posição que favorece a entrada de micróbios especialmente durante o ato sexual”, explica a médica.
Pacientes com pedra nos rins, gravidez, malformações anatômicas, uso prolongado de cateteres urinários também são mais predispostos a sofrer com pielonefrite.
“Quem tem sistema imunológico debilitado, refluxo vesicuretral – retorno de pequenas quantidades de urina da bexiga urinária para os ureteres e para os rins – e diabetes, rins policísticos, cistites de repetição também são mais afetados”, diz a nefrologista.
A doença tem cura
Caroline destaca que a pielonefrite tem cura, com tratamento com antibióticos que deve ser iniciado assim que a hipótese de infecção nos rins for levantada.
“O objetivo é impedir que o agente infeccioso provoque lesões permanentes nesses órgãos ou que espalhe a infecção por todo o corpo, levando à falência de múltiplos órgãos. Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser indicados para alívio da dor”, destaca.
Para evitar a pielonefrite, a médica recomenda beber bastante água, urinar sempre que sentir vontade, higienizar sempre e corretamente a área íntima (de frente para trás) e urinar logo após a relação sexual, como forma de eliminar as bactérias que por acaso tenham penetrado pela uretra.
“Não se automedique nem suspenda o uso da medicação sem antes ouvir o que seu médico tem a dizer”, finaliza a médica.
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