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Lollapalooza: Com gritos de 'aumenta a guitarra, é um festival', Marina Lima se impõe com força

Aos 69 anos, um dos principais nomes do pop brasileiro foi uma das atrações do segundo dia do evento e fez apresentação com participação de Pabllo Vittar

29 mar 2025 - 18h08
(atualizado às 18h13)
Cantora Marina Lima se apresenta no palco Samsung Galaxy do festival Lollapalooza 2025.
Cantora Marina Lima se apresenta no palco Samsung Galaxy do festival Lollapalooza 2025.
Foto: Júlia Pereira/Estadão / Estadão

É significativo que Marina Lima, de 69 anos, faça sua estreia na edição de 2025 do Lollapalooza Brasil. Se o festival - indie em sua gênese - se assume deliberadamente pop atualmente, ninguém melhor para representar o pop brasileiro do que ela.

Foi Marina que mostrou ao País, a partir da década de 1980, o que era esse negócio de ser um artista pop - algo já assentado no mercado internacional àquela altura.

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Marina mesmo definiu o que era ser pop. em entrevista à revista Bizz, ainda na década de 1980. "Pop é mistura. Pop é cultura contemporânea. (...). O que me interessa é que não existia uma música pop no Brasil. Ou era rock, rock; ou era brega, brega. Eu me proponho a misturar tudo isso e fazer música pop no Brasil", disse. A reportagem foi reproduzida em O Livro do Disco - Fullgás, de pesquisador Renato Gonçalves, que assinou o roteiro da apresentação de Marina no Lolla.

Fullgás é parceria de Marina com o irmão, o poeta Antonio Cícero, morto em 2024. Está aí, aliás o tal pop. A mistura. O poeta e a cantora popular. Os dois, como diz a canção, "fizeram um País". E como tudo isso se mostrou no Lolla?

Cantora Marina Lima se apresenta no palco Samsung Galaxy do festival Lollapalooza 2025.
Foto: Júlia Pereira/Estadão / Estadão

"Vamos botar para quebrar nessa porra", disse, após abrir o show com À Francesa, um dos seus hits.

Fullgàs veio logo em seguida, ainda na pegada meio rock, meio eletrônica da primeira.

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O rock questionador Pra Começar, popularizado na abertura da novela Roda de Fogo, aumentou a temperatura para depois entregar para Me Chama, mostrando que o público, majoritariamente jovem, está em paz com seu compositor, o polêmico Lobão. Perfeitamente justo para uma das mais belas canções do pop brasileiro - ela seduziu até mesmo o exigente João Gilberto.

Com a acolhida do público, Marina se sentiu à vontade para se impor. "Aumenta a guitarra, isso aqui é um festival", gritou, antes de tocar a velha marchinha Balancê.

Virgem marcou a homenagem ao irmão Antonio Cícero, conectando com outro poeta da geração 80-90, Cazuza, em Preciso Dizer Que Te Amo.

Cantora Marina Lima se apresenta no palco Samsung Galaxy do festival Lollapalooza 2025.
Foto: Júlia Pereira/Estadão / Estadão

Marina misturou Nada Por Mim com Lunch para dar a senha para a entrada de Pabllo Vittar no palco em uma versão dance de Mesmo Que Seja Eu."Você precisa de um homem pra chamar de seu/Mesmo que esse homem seja eu".

A galera entendeu o recado, mesmo que antes tenha deixado passar em branco os versos de Na Minha Mão, de 1998. Nela, Marina já cantava por um mundo mais inclusivo nos versos "O fato é que eu já comecei/ A olhar em outra direção/Se todo mundo é mesmo gay/O mundo está na minha mão".

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A nova geração até reverencia os ídolos do passado, mas é obcecada por hits - as turnês de Caetano Veloso e Maria Bethânia e Gilberto Gil são prova disso.

Ainda com Pabllo, Marina cantou o arrocha eletrônico K.O., não sem antes fazer inúmeros elogios à cantora.

Cantora Marina Lima se apresenta no palco Samsung Galaxy do festival Lollapalooza 2025.
Foto: Júlia Pereira/Estadão / Estadão

Um paralelo possível com a apresentação de Marina no Lolla, e também com a turnê que ela tem feito, é com a obra da escritora Heloisa Teixeira, morta está semana, aos 85 anos.

Ao perceber o interesse da nova geração em assuntos ligados ao feminismo, organizou um livro com escritoras representativas do tema.

Marina faz isso. Abre os braços e constrói um País.

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