O Ministério Público da Bahia (MP-BA) abriu uma investigação para apurar uma denúncia de racismo religioso contra a cantora Claudia Leitte.
A polêmica surgiu após sua apresentação no dia 14 de dezembro, no Candyall Guetho Square, em Salvador, onde a cantora alterou a letra da música Caranguejo.
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Durante a performance, ela substituiu a menção à orixá Iemanjá por Yeshua, termo que algumas religiões cristãs utilizam para se referir a Jesus.
A mudança gerou grande repercussão e levou o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) e a yalorixá Jaciara Ribeiro a formalizarem uma denúncia contra Claudia Leitte. Para eles, a alteração descaracteriza a canção, desrespeita o contexto cultural afro-brasileiro e simboliza uma postura discriminatória em relação às religiões de matriz africana.
O show de Claudia Leitte ocorreu em um evento especial para celebrar os 40 anos da Axé Music, na reabertura do espaço cultural de Carlinhos Brown. Durante a execução de Caranguejo, originalmente composta para saudar Iemanjá, a cantora cantou "Eu canto meu Rei Yeshua" no lugar de "Saudando a rainha Iemanjá".
Desde 2014, Claudia Leitte é declaradamente evangélica, e a substituição refletiu sua crença religiosa.
A denúncia foi encaminhada à promotora Lívia Sant'Anna Vaz, que liderará a investigação. De acordo com o Idafro, a alteração viola o patrimônio cultural protegido por lei e representa um ato de intolerância contra comunidades religiosas afro-brasileiras. O advogado da instituição, Hédio Silva Jr., informou que uma interpelação criminal será protocolada para que Claudia preste esclarecimentos.
O MP-BA confirmou a instauração do inquérito e investigará se houve violação aos direitos culturais e religiosos das comunidades afro-brasileiras, além de possíveis implicações criminais. A promotoria ressaltou a importância de proteger o patrimônio cultural e os direitos das comunidades religiosas de matriz africana.
Claudia Leitte: Repercussão e desdobramentos
A troca na letra da música dividiu opiniões nas redes sociais. Alguns internautas consideraram a atitude desrespeitosa, argumentando que descontextualiza uma celebração cultural importante. Outros defenderam a liberdade artística e religiosa da cantora.
Especialistas alertam para a relevância da Festa de Iemanjá, retratada na música, como patrimônio cultural brasileiro. A figura de Iemanjá é um símbolo de resistência e espiritualidade nas religiões afro-brasileiras, e ações que a descaracterizem podem ser vistas como formas de apagamento cultural.
Até o momento, a assessoria de Claudia Leitte não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Contudo, a situação reacende debates sobre o respeito às diversidades culturais e religiosas no Brasil, ressaltando a necessidade de diálogo entre diferentes crenças e tradições.
Djenifer Henz - Supervisionada por Marcelo de Assis
