O curioso único álbum do Van Halen a ter disco de ouro no Brasil

Música oriunda do trabalho em questão chegou a ser utilizada como tema de novela; sucesso não se repetiu em outros países

24 jan 2025 - 16h23
Van Halen - Sammy Hagar e Eddie Van Halen em 1995
Van Halen - Sammy Hagar e Eddie Van Halen em 1995
Foto: Jim Steinfeldt / Michael Ochs Archives / Getty Images / Rolling Stone Brasil

O Van Halen é um raro caso de banda de rock com dois discos de diamante nos Estados Unidos. Tanto o seu trabalho de estreia homônimo, de 1978, quanto 1984 (1984), ultrapassaram a marca de 10 milhões de cópias vendidas cada no país. Já no Brasil, o único de seus registros de inéditas a obter alguma certificação — neste caso, de ouro, pelas 40 mil unidades comercializadas — foi Balance (1995), não tão popular no exterior.

Lançado em 24 de janeiro de 1995, o décimo álbum de estúdio da banda americana de hard rock traz uma roupagem mais séria, com letras reflexivas e melodias ligeiramente obscuras. Um enorme contraste em comparação à sonoridade festeira apresentada em seus materiais mais populares.

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Ao todo, Balance vendeu 3 milhões de cópias nos Estados Unidos, sendo superado por seis dos outros 11 discos de estúdio do Van Halen. Outros dois registros estão empatados em números. Somente Fair Warning (1981), Van Halen III (1998) e A Different Kind of Truth (2012) tiveram menos unidades comercializadas no país natal do grupo.

O álbum de 1995 passa longe de ter sido um fiasco em termos de repercussão. Atingiu o topo da parada americana e o top 10 no Canadá, Reino Unido, Japão, Países Baixos, entre outros. Por outro lado, não era um momento de alta popularidade, tanto que o VH precisou abrir shows do Bon Jovi no período para seguir se apresentando em grandes espaços. Logo, o que fez esse registro conquistar tamanho sucesso no Brasil?

Van Halen e Bon Jovi em 1995 -
Foto: Dave Hogan / Getty Images / Rolling Stone Brasil

A resposta recai na canção "Can't Stop Lovin' You". Segundo single (música de trabalho) de Balance, esta afável balada entrou na trilha sonora da novela História de Amor, exibida pela TV Globo também em 1995. Servia como tema de Bruno (Cláudio Lins), um personagem bon vivant apaixonado por Joyce (Carla Marins).

O sucesso da faixa em questão no Brasil se tornou tamanho a ponto de ter se transformado em uma das referências quando se fala em Van Halen entre os fãs locais. Já em território americano, outros hits costumam ser lembrados antes.

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Van Halen e Balance

Também dono de canções como "Don't Tell Me (What Love Can Do)", "Amsterdam" e a balada "Not Enough", Balance representa o último suspiro do Van Halen enquanto uma banda "normal" (via site Igor Miranda). Após este trabalho, o notoriamente disfuncional grupo — que perderia o vocalista Sammy Hagar em 1996 — perderia estabilidade e nunca mais seria o mesmo.

Um olhar mais geral à discografia mostra que o décimo álbum de estúdio do VH promove uma brusca ruptura sonora. Por outro lado, uma análise mais atenta mostra que o registro em questão era apenas o início de uma transição — que poderia ter evoluído melhor nos trabalhos seguintes não fossem os problemas internos.

Van Halen em 1995: Michael Anthony, Sammy Hagar, Alex Van Halen e Eddie Van Halen -
Foto: Jim Steinfeldt / Michael Ochs Archives / Getty Images / Rolling Stone Brasil

Balance, sabe-se, foi concebido em meio a problemas internos. Curiosamente, segundo o guitarrista Eddie Van Halen, tudo começou quando ele parou de beber, em outubro de 1994. Foi quando ele relatou ter notado que outras pessoas estavam no controle de sua vida — e fez o possível para afastá-las.

As decisões tomadas foram apoiadas pelo irmão, o baterista Alex Van Halen, mas não agradaram a Sammy Hagar. Antes disso, porém, deu tempo de trabalharem no disco. Como resultado, sente-se uma certa tensão no material ao mesmo tempo em que há reflexos da recém-obtida sobriedade de Eddie e o próprio momento da indústria musical, com olhos mais direcionados ao rock alternativo. Um resultado satisfatório, quase experimental para os padrões do VH.

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Não demoraria até o caos tomar o Van Halen, de forma quase que definitiva. De modo bem resumido, a cronologia seguinte nos reservou: a saída de Sammy Hagar, a volta-relâmpago de David Lee Roth, a entrada de Gary Cherone (vocalista do Extreme) para gravar o inconsistente Van Halen III (1998), hiato e retorno de Hagar para uma turnê catastrófica até, enfim, Roth reassumir a vaga de vez — só que sem o baixista Michael Anthony, dispensado de forma criticada para Wolfgang Van Halen, filho de Eddie, assumir sua vaga.

Em quase duas décadas de atividade após Balance, apenas dois álbuns de estúdio foram feitos. O último show do grupo aconteceu em 2015, cinco anos antes da morte de Eddie Van Halen, aos 65 de idade.

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