Desde a fundação, o Hall da Fama do Rock and Roll gera uma série de opiniões diversas, que vão da celebração das músicas e dos artistas a críticas severas. Mas o presidente John Sykes, no comando da instituição desde 2020, defende que a cerimônia anual tornou-se uma das mais prestigiadas honrarias no cenário musical contemporâneo.
"Os artistas se importam muito em entrar porque não há muitos de seus pares lá", explicou.
Sob o comando de Sykes, o Hall da Fama do Rock passou por mudanças significativas, grande parte delas em resposta às muitas críticas. Foi nesse contexto, por exemplo, que mais mulheres passaram a ser homenageadas. Nomes como Mary J. Blige, Cher e Dionne Warwick fazem parte da classe de 2024, além de uma ampliação na definição do que se considera rock and roll (via Vulture).
Entretanto, um mistério persiste: quais são os procedimentos reais que ocorrem durante as reuniões do comitê de nomeação? Em nome da transparência, Sykes detalhou o processo de seleção e as disputas que surgem quando diversos membros defendem suas escolhas preferidas. Ele compara essa dinâmica a um sistema democrático, ainda que muitas vezes possa parecer caótico.
Meu trabalho é respeitar a opinião de todos, permitir discordâncias e aceitar a decisão tomada pelos pares. Todos têm voz, mas a música é subjetiva e sempre haverá questionamentos sobre quem foi ou não escolhido."
Com a nova abordagem sobre o que define "rock and roll" muitos argumentam que o nome da instituição deveria ser alterado para Hall da Fama da Música, uma descrição mais abrangente. O presidente acolhe esse ponto de vista, mas discorda:
Algumas pessoas não entendem o significado profundo do rock and roll. Na década de 1950, isso abrangia tudo - era um verdadeiro 'gumbo', como diz Missy Elliot. Portanto, ao ouvir alguém sugerir a mudança do nome, eu vejo que o rock and roll já abrange todo esse território; em vez de abandonar a nomenclatura, devemos comunicar melhor suas origens e seu significado real".
Sykes compartilha uma anedota Jay-Z, que ao ser induzido comentou: "O rock está morto; deveria ser chamado de Hip-Hop Hall of Fame". Argumentando que artistas icônicos como Little Richard e Chuck Berry influenciaram diversos gêneros musicais, o presidente deu uma resposta categórica: "Hip-hop é rock and roll".
Sobre as reuniões do comitê, Sykes descreve o ambiente como uma mescla entre uma conversa intelectual e uma competição acirrada. As discussões são intensas e prolongadas, envolvendo cerca de 30 membros compostos por artistas, jornalistas e críticos. "Não há possibilidade de manipulação do resultado; as decisões são tomadas democraticamente", garantiu.
Ele também explicou que não existem regras fixas sobre a duração do mandato dos membros do comitê. Contudo enfatiza a importância de manter um grupo diversificado que represente adequadamente os artistas contemporâneos e suas contribuições ao gênero musical.
Por fim, Sykes reforçou que é normal que alguns artistas expressem descontentamento por não serem reconhecidos. Segundo ele, o espaço limitado para induções anualmente resulta em algumas frustrações, mas sempre existe a possibilidade de reconhecimento em edições posteriores.
O futuro do Hall da Fama do Rock and Roll pode incluir novas categorias para reconhecer não apenas os artistas, mas também aqueles ao seu redor que impactaram o gênero musical ao longo dos anos. Sykes finaliza dizendo: "O importante é garantir que todos os merecedores sejam lembrados."
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