O Grammy 2023 pode não ter sido unanimidade entre os fãs, já que todo mundo quer que seu ídolo leve o gramofone para casa – e o Brasil inteiro queria ver Anitta vencedora na categoria de Revelação do Ano –, mas não há como negar que essa é uma das maiores celebrações da música internacional. À convite da TNT e da HBO Max, que transmitiram a festa no Brasil, pude acompanhar a cerimônia ao vivo e garanto: é emoção atrás de emoção.
Estava em Los Angeles representando o Brasil e na torcida por Anitta (enquanto minhas colegas da América Latina estavam na torcida por Bad Bunny) e desde o primeiro segundo em que pisei no Staples Center, ginásio que costuma receber jogos de basquete e outros esportes, mas que agora estava todo decorado para a premiação, comecei a ter dimensão do quão grandioso é o evento. Não só as estrelas são estilosas por lá, todo mundo sente que pode ousar um pouco mais para celebrar a música, então vi brilhos, estampas, penas… Um pouco de tudo. Eu mesma me senti livre para sair do look clássico de festa com um conjunto brilhante, claro, e confortável (muito importante), da marca brasileira Calma.
Apesar dos grandes espetáculos da noite, como uma grande homenagem ao Hip-Hop, e a apresentação dos vencedores de Melhor Dueto Sam Smith e Kim Petras (que foram apresentados por Madonna), os melhores momentos para quem está na plateia acabam sendo os intervalos. Foram nesses momentos que vi Olivia Rodrigo e Gayle batendo papo, Adele tietando SZA, SZA tietando Beyoncé, Taylor Swift tendo um momento fofo com o ex Harry Styles e The Rock e Ben Affleck papeando – será que estavam falando sobre os novos rumos da DC no cinema? Depois do histórico show sobre os 50 anos do Hip-Hop pude ver os artistas se abraçando e comemorando que tudo havia dado certo.
Esse olhar ligado na plateia estrelada também vale para a hora das performances e entregas de prêmios. Foi incrível ver Taylor Swift dançando empolgada em praticamente todas as apresentações (mas em especial vendo Harry Styles cantando “As It Was”) e aplaudindo de pé os vencedores de diversas categorias.
Depois de muitas horas de premiação, com momentos de muita emoção como os discursos de Kim Petras (Melhor Dueto) e Lizzo (Melhor Gravação), ou momentos de silêncio constrangedor, como na inesperada vitória de Bonnie Raitt em Música do Ano, não vi Anitta subir ao palco (o grito ficou entalado na garganta), mas respirei o mesmo ar que Beyoncé, que saiu do Grammy 2023 como a maior vencedora da história da premiação e também como a maior esnobada pela Recording Academy (organização responsável pelo prêmio).
Mesmo como fã de Harry Styles, que enfrentou toda a chuva do show em São Paulo para prestigiar o cantor em dezembro do ano passado, foi impossível não sentir um gosto agridoce no final. Como a própria Lizzo disse ao subir ao palco, Beyoncé é a artista de uma geração e vê-la não levar o principal prêmio da noite mais uma vez é realmente estranho.
Questionamos à parte, foi uma noite inesquecível. Acompanhar a entrega de um dos maiores prêmios do mundo, testemunhar a reação dos artistas e os momentos dos intervalos foi algo único, a realização de um sonho para quem comentava premiações no Twitter na adolescência e depois transformou isso em profissão pelas coberturas do Omelete e da TNT, e espero, a final deste texto, ter passado um pouco dessa experiência surreal para você.