RIO - Não deixa de ser um sinal dos tempos que a primeira atração do Rock in Rio 2019 seja um DJ: o goiano Alok Achkar Peres Petrillo, de apenas 28 anos, abriu a 20.ª edição do festival com um show de luzes desenvolvido por equipes que trabalharam na Olímpiada do Rio em 2016.
Em entrevista ao Estado no início da semana, a vice-presidente do festival, Roberta Medina, já havia comentado o legado olímpico positivo deixado para o Rock in Rio. Nesta sexta-feira, Alok estreou o Palco Mundo com espetáculo digno de Olímpiada.
Alok cumpriu o papel de primeiro DJ brasileiro a tocar no Palco Mundo, a mega estrutura principal do festival, na história do Rock in Rio.
Abusando dos drops de beat (em que o DJ faz uma espécie de contagem regressiva com a batida da música), o goiano mistura criações próprias, como o sucesso Hear Me Now e a canção Ocean, com remixagens simplificadas dos grandes hits de muita gente: Corona, Cranberries, David Guetta (numa homenagem ao primeiro DJ a ocupar aquele espaço, há 4 anos), Goodwill (outro DJ da cena global da qual Alok surgiu), Pink Floyd, Guns n' Roses, Bon Jovi, Red Hot Chili Peppers, Talking Heads, New Order, Lil Nas X, Rihanna, Lil Pump e Kanye West, System of a Down, The White Stripes (ele faz o público cantar "eu não vou embora" ao som de Seven Nation Army) e até Benny Benassi (Satisfaction talvez seja a música mais manjada do dance/eletrônico do século 21).
Na segunda metade do show, passa rápido pelo funk brasileiro (Cidinho e Doca) e pelo Legião Urbana antes de voltar para o roteiro. Oasis (sim, Wonderwall) e Queen (sim, We Will Rock You e We Are The Champions).
Os drop beats, característica do Eletronic Dance Music (tipo de eletrônico muito popular), funcionam como um atalho para agradar uma plateia quase sempre já ganha de saída, como a do Rock in Rio. O fato de Drake ser a atração principal da noite certamente ajudou para que o público muito jovem dessa noite de sexta-feira entrasse "na onda" do produtor.
No palco, ele usa as ferramentas que pode: pede para pra quem souber cantar junto, pede para a galera levantar as mãos e balançar de um lado para o outro, convida para "uma viagem", diz para levantar e abaixar a luz dos celulares. Comportadíssimo, pede desculpas antes de falar um palavrão. "Vamos seguir o caminho do amor, porque é ele que leva para o caminho para a felicidade. Não preciso ir longe, tirem do caminho os preconceitos, a intolerância e tudo o mais", diz - no público, a plateia entoa cantos de xingamentos ao presidente Bolsonaro.
Em entrevistas antes do Rock in Rio, Alok comentou que tinha desenvolvido uma apresentação especialmente para o festival: foram projeções, jatos de fogo praticamente incessantes, muita fumaça, lasers e fogos de artifício.
Oriundo de uma cena mainstream da música eletrônica, Alok ajustou seu som para plateias mais pop, movimento que ele define como um acerto na carreira - em alguns momentos do show, ele solta pequenos trechos que fazem a plateia lembrar do Tomorrowland.
Antes de encerrar, ele chama ao palco o cantor americano IRO - eles lançaram nesta sexta-feira uma música nova Table for 2, e a performance, sejamos justos, foi o primeiro momento de alguma indiferença do público.
Ainda na sexta-feira, se apresentam no palco mundo a cantora e compositora americana de R&B Bebe Rexha, a cantora pop britânica Ellie Goulding e o rapper canadense Drake, grande nome da noite e do festival, em sua primeira apresentação no Brasil depois de anos liderando o consumo de música por streaming no mundo.
Veja abaixo a galeria de fotos do festival.
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