Rock in Rio corrige erro com Anitta, mas peca ao repetir atrações

19 set 2019 - 10h15
Apesar dos pesares, evento sempre será sucesso (Imagem/Internet)
Apesar dos pesares, evento sempre será sucesso (Imagem/Internet)
Foto: Cifra Club

A sétima, e mais recente, edição brasileira do Rock in Rio terminou no dia 27 de setembro de 2017. Com o peso do funk-metal Give It Away, os caras do Red Hot encerraram mais uma bem sucedida maratona de shows que fazem do RIR o mais festival de música do mundo. Apesar de ser um festival que reúne várias tribos desde 1985, uma pergunta ainda ecoa em todas as conversas sobre música no Brasil:

Por que tem tudo que é tipo de música no Rock In Rio?

A resposta é simples: porque o Rock in Rio é uma grife, é uma marca. O festival, de fato, nunca foi exclusivamente dedicado ao rock e vai muito além do que é visto nos palcos. Trata-se de um evento musical integralmente tecnocrata, isto é, o sagaz Roberto Medina planejou um evento que tivesse muita música e atraísse um expressivo número de marcas, anunciantes e investidores dispostos a injetar verba para fazer a coisa realmente acontecer. E qual nome poderia ser tão universal, atemporal e bonito igual Rock in Rio? Já pensou um evento chamado Pop in Rio ou Music in Rio? São nomes legais, mas que não têm o mesmo apelo que há em Rock in Rio.

Publicidade

"Ah, mas no primeiro Rock in Rio só tinha rock!"

Não, não tinha. Além de muitos medalhões da MPB, como Gilberto Gil, Ivan Lins e Moraes Moreira, a escalação do primeiro Rock in Rio contou com muitos artistas mais pop/new wave do que rock.

Ainda com Cazuza e Frejat, o Barão foi a banda nacional mais roqueira do Rock in Rio I (Foto/Divulgação)
Foto: Cifra Club

A nítida sensação de que houve mais rock and roll naquela edição se dá pura e simplesmente em razão do evento ter promovido a estreia de gigantes do metal e do rock, como Scorpions, AC/DC, Iron Maiden, Rod Stewart e Yes, em um palco brasileiro. No mais, tivemos o folk de James Taylor, o jazz dos mestres Al Jarreau e George Benson e o pop/new wave do B-52′s e das Go-Go's. De longe, o blues rock fez do Barão Vermelho a única atração brasileira que naqueles tempos realmente fazia um som que tinha os genes mais fortes do rock em seu DNA musical.

Para quem gosta da frieza dos números, algo em torno de 65% do line up do primeiro RIR não tinha os dois pés na cena roqueira. A pluralidade da música nacional faz com que o povo brasileiro não seja o mais roqueiro do mundo. Logo, é impossível termos por aqui um festival que dure uma semana e seja 100% dedicado ao rock. O icônico Monsters Of Rock é o exemplo de evento totalmente focado na árvore genealógica do rock, mas que nunca teve fôlego para durar mais do que dois dias.

Por que temer o novo?

O grande ponto fraco do festival nunca foi a ausência de rock, mas sim o excesso de repetições. É inegável o fato de que os veteranos Skank, Capital Inicial, Jota Quest e Ivete Sangalo são artistas da ala nacional que têm pleno domínio de palco. Porém, a ininterrupta presença dessas feras nas cinco últimas edições do RIR faz com que o público sempre tenha "mais do mesmo". Desta forma, o elenco estelar do Rock in Rio 2017 deixou de contar, por exemplo, com a ilustre 'presença de' Anitta.

Publicidade
Ivete é atração do Rock in Rio desde 2011 (Foto/Divulgação)
Foto: Cifra Club

Atendendo a todos os critérios impostos pelas tendências do atual mercado fonográfico, a pop star carioca é o nome de maior evidência na música brasileira atual. Ela é bastante popular nas redes sociais, coleciona parcerias emblemáticas, tem ótimas colocações nas paradas de sucesso e é a única artista a figurar mais de uma vez no top 10 de música do YouTube Brasil. Com todos esses requisitos, Anitta é a cantora brasileira que tem mais chances de engatar a carreira internacional com sucesso.

A organização do Rock In Rio de 2017 desperdiçou duas ótimas oportunidades para escalar Anitta. A primeira foi quando anunciou Ivete, Frejat e Skank como atrações nacionais das noites mais voltadas à música pop. Por mais que, mais uma vez, tenha feito apresentações brilhantes, a trinca supracitada já virou "arroz de festa" no evento. A segunda chance foi quando Lady Gaga cancelou sua participação e a organização convocou o Maroon 5, que fez um show morno e pragmático.

Por que tanto medo de sair da zona de conforto? Com a experiência conquistada ao longo dos últimos anos, Anitta facilmente teria conduzido a plateia com destreza de Ayrton Senna e carisma de Martin Luther King.

Anitta e Drake estão entre as novidades do Rock in Rio 2019

Certa vez, o apresentador Silvio Santos afirmou que não nasceu dono de televisão. "Eu fui dono de televisão, porque os donos de televisão fecharam as portas para mim", disse o maior comunicador o Brasil.

Publicidade

Por sua vez, Anitta chegou a pensar na possibilidade de criar o próprio festival de música. Será que assim como Silvio, a cantora vai ter que lidar com a rejeição promovendo uma revolução? A resposta, mais uma vez, é bem simples: não, não vai.

Pouco depois de encerrar o RIR 2017, a organização a comandante do "Show das Poderosas" para a edição de 2019. A pop star brasileira subirá ao Palco Mundo no dia 5 de outubro, mesma data em que se apresentará Drake, outra atração inédita do evento. Ah, não posso me esquecer de te lembrar que Anitta é a artista mais ouvida no YouTube no Brasil nos últimos 12 meses.

Tenacius D chega ao Rock in Rio com alguns anos de atraso (Imagem/Divulgação)
Foto: Cifra Club

E por falar em "atração inédita", as 28 atrações do Palco Mundo, 15 vão estrear no festival. O número é relativamente bom, de fato. Mas se você considerar que dois headliners, Bon Jovi e Red Hot, também tocaram na edição passada, a variável "show inédito" perde um pouco da força. Quando a gente pensa que alguns dos estreantes - Black Eyed PeasTenacious D e H.E.R. - não têm a mesma popularidade, a escalação fica ainda mais questionável. É impossível, no entanto, deixar de reconhecer que o festival vai trazer nomes aguardados como P!nk, Panic at the Disco, Ellie Goulding e Imagine Dragons, banda dona do hit que você confere abaixo.

Baixa venda antecipada de ingressos do Rock In Rio 2019 é sinal de alerta

A insatisfação do público com as atrações pode [veja bem: eu falei "pode"] ser refletida na venda de ingressos. Segundo o Jornal O Globo, faltando pouco mais de 10 dias para o começo da maratona, ainda há ingressos disponíveis.

Publicidade

Em outros tempos, a essa altura do calendário, o RIR já teria sido sold out. Em contra partida, a crise na economia brasileira também pode ser [mais uma vez: eu falei "pode"] um das fatores que impediram a decolagem das vendas de ingressos. Mas essa questão, a gente deixa para um outro post

;)
Foto: Cifra Club

Mais sobre Rock in Rio

E se você quer ficar por dentro de mais coisas sobre o Rock in Rio, não deixe os posts abaixo de fora de seu radar:

Aconteceu no Rock in Rio: relembre 15 momentos inusitados do festival

Relembre atrações que o Rock in Rio trouxe ao Brasil pela primeira vez

Rock in Rio: confira o guia definitivo pra você curtir o festival

Especial Rock in Rio: as principais curiosidades sobre o festival

10 astros da música que nunca tocaram no Rock in Rio

Publicidade

Em breve, eu volto com mais conversas sobre o maior festival de música do planeta! Então, fique antenado 

;)
Foto: Cifra Club

* O texto acima não necessariamente reflete a opinião do Cifra Club e demais sites parceiros.

Fique por dentro das principais notícias de Entretenimento
Ativar notificações