Post Malone foi uma das atrações mais aclamadas da primeira semana do Rock In Rio, tendo dado um show de humildade e carisma no sábado, 3. Mas além de sua presença no palco, outro momento do artista no Brasil chamou a atenção dos fãs: ele cortou o cabelo no festival e deixou uma gorjeta de aproximadamente R$ 2,6 mil reais ao barbeiro. O responsável pelo corte e “risquinho” na sobrancelha foi Jackson do Prado, de 36 anos, conhecido como Baiano Barber.
Atualmente trabalhando como líder na Barbearia do Zé, empresa reconhecida como uma das principais da América Latina, Baiano Berber conta ao Terra que foi selecionado para estar no backstage do Rock In Rio, em uma área ‘prime’ do festival, atrás do Palco Mundo e ao lado dos camarins dos artistas.
“Fui para lá como vou em um evento normal. Claro, sabia que poderia passar ao lado de alguns artistas e que algum deles poderia sentar na minha cadeira. Mas jamais imaginaria que seria o Post Malone”, disse, entusiasmado. Para ele, a partir de agora, o artista mudou sua vida.
Post Malone se apresentou na Cidade do Rock no sábado, mas chegou um dia antes para assistir ao show do Iron Maiden, na sexta-feira, 2. Nessa noite, o barbeiro conta que viu o artista internacional junto a seu segurança e DJ assistindo a programação do festival por um telão, dentro da mesma área 'prime' que ele estava.
Ao sair de lá, Post Malone viu a cadeira de barbeiro à disposição e se aproximou, perguntando se poderia sentar-se. Baiano Barber não fala inglês, mas uma tradutora da equipe o ajudou e, então, Post Malone virou seu cliente da noite.
Durante o atendimento, o artista pediu um corte de cabelo e não quis mexer na barba. “O corte dele é um dos mais rápidos para ser feito, que é [passar a] máquina em tudo… Mas foi o corte mais sinistro que eu já fiz em toda a minha vida”, conta o barbeiro.
O artista, que vestia blusa do Brasil, entrou no clima e também pediu um “risquinho” na sobrancelha, como o que o próprio barbeiro tinha. Baiano recorda que Post Malone “ficou em êxtase” e vibrou muito ao ver o resultado, se olhando no espelho e abraçando o profissional diversas vezes.
Gorjeta
Enquanto Post Malone brincava com seus companheiros, bebia drinks e se divertia na cadeira de barbeiro, Baiano diz que se virou para pegar um material na bancada e que, ao retornar, o artista estava com a mão erguida, com US$ 500 (aproximadamente R$ 2,5 mil) entre os dedos junto a um cigarro.
Confuso, o barbeiro perguntou o que estava acontecendo à tradutora e Post Malone deu boas risadas com a situação. “Imaginei que ele estava me dando o cigarro para fazer alguma coisa, ou que era para eu guardar o dinheiro para ele”, conta.
A gorjeta veio em boa hora. Baiano Barber ficou muito feliz com o reconhecimento e, com o dinheiro, reformou a cozinha de sua casa, levou sua família para se divertir no shopping e comprou novas roupas para o trabalho, pois a sua calça já estava chegando a rasgar, como conta.
“Meu sonho com minha esposa era poder trocar nossa pia, que era muito pequena. Mas não estava entrando dinheiro o suficiente. Então, com essa gorjeta, não tive dúvidas do que fazer e dei um ar novo para a nossa cozinha”.
Trajetória
O barbeiro nasceu em Vitória da Conquista, na Bahia, e em 2014 se mudou para o Rio de Janeiro para tentar a vida como DJ de música eletrônica. “Quando eu cheguei aqui, tudo mudou”. Seus planos com a música não deram certo e Jackson do Prado ficou sem dinheiro, à procura de um novo emprego.
Ele conta que teve que vender seus equipamentos, que custavam cerca de R$ 7 mil, por apenas R$1.200 para conseguir alugar um espaço para morar e continuar no Rio de Janeiro, onde nunca tinha ido e nem conhecia ninguém.
Primeiro, ele conseguiu um trabalho como vendedor no shopping. Mas conheceu sua esposa, teve sua primeira filha, e precisava ganhar mais dinheiro. Sua saída, na época, foi pesquisar qual profissão iria crescer naquele ano. Assim, em meados de 2018, sua vida se cruzou com a profissão de barbeiro.
Baiano morava na cidade de São Gonçalo e conseguiu um trabalho em uma barbearia em Laranjeiras, cidades que ficam a cerca de 33 km de distância. Ele acordava às 6h para ir de bicicleta ao trabalho, onde permanecia das 9h às 20h. Depois, para complementar a renda, trabalhava como entregador até meia-noite.
“Muitos pensavam que eu iria desistir, que iria cansar”, desabafa. Porém, com muito trabalho duro e dedicação, ele recebeu uma proposta em 2019 para compor o time da Barbearia do Zé, onde atua até hoje. O novo local é mais próximo de sua casa e, também, lhe deu diversas oportunidades na área. “Essa profissão me deu tudo”.
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