Rock in Rio encerra edição de 40 anos com catarse nostálgica e simpatia de Shawn Mendes

Último dia do festival contou com shows de Mariah Carey, Ne-Yo e Akon

23 set 2024 - 07h35
(atualizado às 08h24)
Palco do Rock in Rio
Palco do Rock in Rio
Foto: Imprensa | Rock in Rio

Entre 2001 e 2011, o Rock in Rio deu uma pausa nas edições brasileiras enquanto a organização se dedicava a criar raízes em Portugal. A falta que o festival fez em terras brasileiras neste período foi sanada no domingo, 22, o último dia de sua edição comemorativa de 40 anos. Com Ne-Yo, Akon e Mariah Carey, o line-up, que poderia ter sido o de qualquer ano da década de 2000, redimiu a falta do evento no período de auge destes artistas. Porém, a junção desses artistas em 2024 resultou em uma catarse nostálgica nos gramados da Cidade do Rock, seguida pelo encantamento do público com o canadense “paz e amor”, Shawn Mendes.

Calor e filas para brindes

O mesmo calor que marcou o início do Rock in Rio 2024 esteve presente no último dia do festival. Sob um sol de 30°c no Rio de Janeiro, os portões da Cidade do Rock abriram pela última vez neste ano às 14h.Quando a música tema do evento tocou para anunciar a entrada do público geral, era possível ver muita gente correndo pelos gramados. Em um dia com uma diva pop no line-up e um artista teen como headliner, era de se esperar a pressa em pegar o melhor espaço na grade dos palcos principais.

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No entanto, parte do público se apressou mesmo para tentar um bom lugar nas filas de ativações de marcas patrocinadoras que davam brindes como pochetes, enxaguantes bucais e batons para os que passavam por lá.Enquanto alguns poucos já “acampavam” nas grades do palco Mundo e Sunset no início da tarde, a maioria preferiu tentar a sorte nos estandes das marcas. Cerca de 20 minutos após a abertura dos portões, as filas já eram enormes em frente aos espaços patrocinados. Nesta edição, a impressão é que os brindes foram tão concorridos quanto os famosos brinquedos do parque de diversões do Rock in Rio.

De volta aos anos 2000

A sensação de dispersão e de “buracos” no gramado durante estreia do Dia Brasil, no sábado, 21, foi superada por um público engajado e espaços lotados neste domingo. Entre camisas com o rosto de artistas do line-up estampados, algumas pessoas investiram até em looks com referências aos anos 2000, como boinas, minissaias e cintura baixa. Alguns até registraram os shows com suas cyber-shots, modelo de câmera popular na década. Apesar do engajamento do público com o que parecia ser a temática do último dia de festival, o primeiro show no palco mundo não empolgou tanto.

Luisa Sonza canta no Rock in Rio
Foto: Imprensa | Rock in Rio

A cantora Luísa Sonza representou os artistas nacionais em mais uma apresentação de seu álbum mais recente, Escândalo Íntimo, pelo qual foi indicada ao Grammy Latino de 2024 como o Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. Mesmo recheado de hits que fizeram sucesso na internet, como Chico, Sagrado Profano e Sentadona, a performance parece não ter empolgado tanto aos fãs ao fim da tarde.Quem levantou mesmo a galera foi o norte-americano Ne-Yo. Astro absoluto do início dos anos 2000, o cantor repetiu o show carismático e com bom ritmo que conquistou o público do The Town em 2023. No momento em que cantou hits como So Sick, de 2006, e Because Of You, de 2007, o grande público que se aglomerou próximo ao palco Mundo cantava e pulava ao ritmo das canções.

Durante todo o tempo, parecia que Ne-Yo estava satisfeito com a própria performance e com a reação do público, o que contagiou ainda mais aos fãs que entoavam, nostálgicos, seus sucessos. A apresentação seguiu conforme o roteiro de um grande show de festival, com direito a participação de mulheres da plateia para uma “disputa” de dança.Logo depois do americano, um show em homenagem a cantora Alcione, com a presença dela, também mobilizou o público do Rock in Rio com os sucessos inquestionáveis da “Loba” no palco Sunset. Antes, Ney Matogrosso tinha animado o público com seus sucessos e sua voz inconfundível e o Olodum também tinha balançado o público acompanhado do grupo Baiana System.A atmosfera nostálgica voltaria às 21h20, uma hora depois do fim do show de Ne-Yo, quando Akon subiu ao palco Mundo. Esperado com grande expectativa, o cantor foi bem recebido pelos fãs e enfileirou hits dos anos 2000 em seu setlist, como Lonely, I Wanna Love You e Smack That.

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A sensação de estranheza com seu show começou quando ele se confundiu e, ao interagir, perguntou como as pessoas de São Paulo estavam se sentindo. A plateia, em coro, corrigiu: “Rio!”. Em determinado momento, Akon chegou a deixar o palco e um DJ passou a embalar o público com músicas nacionais como Só Love, Casca de Bala e Só Fé.

A impressão, para quem assistia, era de que momento se arrastou até demais, gerando impaciência em quem queria continuar vendo o artista em cena.No entanto, ao reaparecer, Akon surgiu dentro de uma bola plástica. A ideia era “rolar” pelo público, mas deu errado quando a bolha furou em sua descida do palco. Tímido, ele pediu desculpas pelo imprevisto, mas o show parece não ter retomado ao êxtase inicial. Ele encerrou a apresentação de maneira improvisada, após ter excedido o tempo no palco.

Estrelas do pop fecharam a noite

Palco New Order
Foto: Comunicação | Rock in Rio

Ainda na despedida de Akon do palco, o público já corria para alcançar o Sunset, onde Mariah Carey se apresentaria às 22h45.

Com o maior público visto na edição neste palco, a diva pop já começou sua apresentação em um vestido que representava a bandeira do Brasil e arrancou gritos animados da plateia ao puxar a música Obsessed. Nada parecia atrapalhar a dona de incontáveis hits dos anos 2000, a não ser por uma reclamação do público: o som baixo.Próximo ao palco Sunset, era possível ver um coro com o pedido: “Aumenta, aumenta!”. 

O desejo do público não foi realizado e o áudio ficaria da mesma maneira até o fim da apresentação. No entanto, mesmo com o incômodo da plateia, Mariah dominou o palco, local que já conhece bem, com seus sucessos e sua voz potente. A cada falsete, o público se impressionava: “ela está cantando mesmo!”, em referência às críticas de que usaria playback nas apresentações.

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Quando o show da diva pop acabou, muitas pessoas optaram por não esperar o headliner e foram embora. Às 00h, o canadense Shawn Mendes entrou no palco Mundo para se apresentar para um público um pouco menor do que esteve presente nos shows de Ne-Yo e Mariah Carey.

O artista pop parecia deslocado do um line-up nostálgico, mas conquistou o público ao dar um show de simpatia e talento no palco.Com as pulseiras que acendiam ao comando da produção, os fãs curtiram sucessos como Señorita, gravado com a ex-namorada Camila Cabello, e Stitches. Para criar uma conexão com o público, Mendes repetiu, por vários momentos, “te amo”. O “muito obrigado” clássico de gringos no Brasil também foi dito pelo astro teen algumas vezes.

Shawn Mendes, cantor
Foto: Imprensa | Rock in Rio

Os pontos altos do show de Shawn Mendes ficaram para o momento em que cantou Señorita e quando fez uma releitura de Mas que nada, música nacional popularizada por Sérgio Mendes. Outro grande momento com o público foi quando tirou a camisa timidamente e aos risos, obedecendo o pedido da plateia, que reagiu muito bem. A impressão é de que até quem torceu o nariz para um headliner teen no dia da nostalgia tinha se rendido a simpatia do canadense. 

Fonte: Redação Terra
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