Inquérito apura responsabilidade por danos morais
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou um inquérito para apurar a eventual responsabilidade de Claudia Leitte por danos morais às religiões de matriz africana, devido à alteração na letra da música "Caranguejo". A cantora tem 15 dias para se manifestar sobre o caso.
A audiência pública foi marcada para o dia 27 de janeiro, às 14h. O MP-BA também poderá solicitar a oitiva dos compositores da canção, caso julgue necessário.
Troca de termos religiosos motivou a denúncia
A polêmica teve início após uma mudança na letra da música "Caranguejo", onde Claudia Leitte substituiu "Iemanjá" por "Yeshua". No trecho original, a letra dizia "Saudando a rainha Iemanjá", mas a artista cantou "Eu canto meu Rei Yeshua".
Yeshua, que significa "salvar" em hebraico, é considerado o nome original de Jesus Cristo em algumas religiões. A substituição gerou críticas e acusações de discriminação por desrespeito às tradições de matriz africana.
Denúncia e defesa
A denúncia foi apresentada pela yalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). De acordo com a ação judicial, a substituição do nome de Iemanjá na música "Caranguejo" descontextualiza a obra e reflete desprezo e hostilidade às religiões afro-brasileiras. O texto argumenta que a Festa de Iemanjá, retratada na letra original, e a própria Orixá são patrimônios culturais protegidos por lei, e a alteração da música pode ser interpretada como um ataque ou racismo religioso.
Em sua única manifestação pública sobre o caso, realizada antes de sua apresentação no Festival Virada de Salvador, Claudia afirmou que "esse assunto [racismo] é um assunto muito sério". Em resposta às acusações, a cantora destacou a importância de tratar o tema com profundidade. "De meu lugar de privilégios, racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial", declarou.
Ela também enfatizou valores como respeito e integridade. "Eu prezo muito pelo respeito, pela solidariedade, pela integridade. A gente não pode negociar esses valores de jeito nenhum, nem colocar isso dessa maneira, jogado ao tribunal da internet. É isso", concluiu.