A democracia brasileira está sob ameaça de um governante com sede de poder supremo. “O Brasil nunca se renderá a um ditador, nunca”, diz Dom Pedro II diante da ameaça. A cena faz parte de uma chamada de ‘Nos Tempos do Imperador’ exibida nos intervalos da Globo. A novela estreia na segunda (9) na faixa das 18h30 da emissora.
O imperador heroico interpretado por Selton Mello representa o Estado de direito e a independência do Brasil. Ele jura proteger o País do golpe planejado pelo general Solano López (Roberto Birindelli), ditador do Paraguai que ambiciona expandir território e se perpetuar no poder. Um plagiador de Napoleão.
A frase com recado a quem tem ambição totalitária não parece ter sido aleatória. Seria uma provocação endereçada ao presidente Jair Bolsonaro, que faz reiteradas ameaças ao processo eleitoral de 2022? Carregada de simbolismo político, ‘Nos Tempos do Imperador’ terá tramas a respeito de autoritarismo, coronelismo e golpismo.
Qualquer semelhança com fatos e pessoas – do passado e do presente – não será mera coincidência, como costuma argumentar a Globo em relação à teledramaturgia que produz. Há inegável ligação entre o Brasil da metade do século 19, período abordado na novela, e o de hoje, polarizado e tenso.
Um dos autores de ‘Nos Tempos do Imperador’, Alessandro Marson, usa máscara anticovid-19 e o slogan ‘Fora Bolsonaro’ em sua foto de perfil numa rede social. Prevê-se que a novela vá passar mensagens contundentes por meio de personagens dogmáticos e tirânicos como o político corrupto Tonico Rocha (Alexandre Nero) em oposição a tipos antiautoritários e progressistas a exemplo da condessa Luísa (Mariana Ximenes).
E ainda há quem acredite que novela é entretenimento raso e alienante.