Os espantosos áudios de Ana Paula Minerato se referindo à cantora Ananda, do Melanina Carioca, são um lembrete constante de que, por mais que se lute contra o racismo, ainda há muito a ser aprendido, especialmente entre os famosos brasileiros. Afinal, em tese, eles deveriam servir de exemplo.
Ana Paula é famosa por ter participado de "A Fazenda", mas sua popularidade vem mesmo do fato de ser musa da Gaviões da Fiel, escola de samba muito ligada a movimentos sociais e - talvez seja preciso dizer o óbvio - com boa parte de seus integrantes pertecente a comunidade negra. Ou seja: ela faz parte do convívio com a diversidade etnico-racial.
Ainda assim, achou razoável dar declarações comparando Ananda a uma empregada doméstica, falando do seu cabelo e de sua ascendência. A coluna não vai reproduzir as falas aqui para não revitimizar a cantora, mas elas são chocantes. Nada têm de cordiais. São explícitas num país em que o racismo é considerado crime.
Faladas no bastidores, por meio de troca de mensagens, as declarações expõem com crueza o que pensam algumas pessoas, que ainda se julgam superiores por questões estéticas ou afins. O horror. Falta aos famosos - brancos - brasileiros o mínimo de letramento. Não se pode reproduzir esse tipo de comportamento. E mais: sendo ela uma mulher loira em escola de samba, deveria estar grata por ocupar um lugar que, de origem, deveria ser da comunidade.
Ana Paula segue em silêncio. Difícil imaginar alguma desculpa plausível para tamanho erro. Que o episódio sirva para lhe ensinar algo - e fazer com que outros aprendam junto.