Quando entrou no ar, em 2008, "A Favorita" foi vista como uma enorme inovação entre as novelas das nove da Globo. A trama de João Emanuel Carneiro ousou construir uma história em que não se sabia de fato quem era a mocinha ou a vilã entre suas protagonistas. Por incrível que pareça, tamanha ousadia virou o problema inicial da história, que só deslanchou na audiência quando o mistério foi desfeito - e antecipado.
Não é exagero afirmar que "Mania de Você", do mesmo autor, sofre de questão parecida. Com a história oscilando entre Viola (Gabz) e Luma (Agatha Moreira), o espectador ficou sem heroína definida para torcer. E mais: vilões têm sido mais carismáticos, mas há maldade em excesso por falta de uma figura que viva na retidão esperada por uma parcela mais conservadora do público.
Depois de alguns ajustes, a audiência da atual novela da Globo começou a dar sinais de reação. Ainda assim, falta um núcleo de humor forte e maior definição do caráter de suas estrelas. Não por acaso, Michelle, personagem de Alanis Guillen, passará a ganhar mais destaque na trama.
Autor tarimbado e esperto, João Emanuel Carneiro já parece ter entendido algumas dessas questões. Certamente fará com que seu folhetim dê a volta por cima.
