Durante os anos 90, quando a discussão não era tão estabelecida, não era incomum se deparar com parceiros e parceiras de diretores da Globo em papéis de destaque nas novelas da casa. Isso não significa, claro, que o favorecimento não levava em consideração seus talentos - muitos deles inegáveis -, mas deixava claro que havia um sistema que não levava em consideração o nepotismo. Agora, em pleno 2024, o debate parece ter se voltado para os herdeiros.
Desde que foi cunhada, a expressão "nepobabies" tem se espalhado feito rastilho de pólvora pelas redes sociais. Afinal, independente de suas competências, filhos de famosos não possuem os mesmos pontos de partida ou privilégios na vida de quem tem outro tipo de história. A Globo, no entanto, parece estar prestes a ingressar em uma fase que não leva tal fator em consideração.
Explica-se: somente nos próximos meses, pelo menos três filhos de famosos estarão em papéis de destaque no canal. No remake de "Vale Tudo", por exemplo, dois deles garantiram vagas. Pedro Waddington, filho de Helena Ranaldi e Ricardo Waddington, e Felipe Ricca, filho de Adriana Esteves e Marco Ricca. Ambos se juntam a Pedro Novaes, herdeiro de Letícia Spiller e Marcello Novaes, que tem feito sucesso - com razão - como protagonista de "Garota do Momento".
Importante deixar claro, uma vez mais: todos, sem dúvida, possuem suas qualidades e talentos garantidos. A questão não é pessoalmente sobre nenhum dos jovens atores, mas, sim, sobre um sistema que talvez não tenha percebido que está suscetível a exageros numa indústria na qual tantas pessoas tentam a sorte há tantos anos, com tanto afinco. A Globo precisa ter um pouco mais parcimônia neste tipo de escolha. Do contrário, estará cada vez mais suscetível a críticas por privilegiar parentes de famosos.