Tanto na psicologia quanto nos recursos humanos, há uma definição clara para tipos de abuso: normalmente todos são baseados em relações de poder. Ou seja: alguém com um cargo superior, com mais dinheiro, mais capital social, se aproveita para tirar proveito de alguém em situação menos privilegiada. Neste final de ano, um passeio pelas redes sociais de alguns influenciadores mostrou que, para muitos, a superexposição - ou seria humilhação? - seria o caminho mais rápido para a fama.
Uma viagem para a Lapônia, por exemplo, viroi grande exemplo disso. A tensão entre Álvaro e Gkay, ex-amigos, foi inteiramente transmitida por Carlinhos Maia em seus stories. Constrangida, a influenciadora chegou a ser flagrada no quarto depois de dizer que iria para um hotel e teve sua situação toda explanada para quem quisesse ver. Na noite de ano novo, Caio e Luan (???) brigaram e terminaram o namoro, com toda a briga sendo transmitida. Sim, um celular gravando todo o momento de discussão, algo extremamente íntimo, com direito a acusação de que um deles sofria de impotência sexual.
Curiosamente, este mesmo argumento foi explanado por Carlinhos Maia numa briga entre Álvaro e Gustavo Rocha. Segundo ele, o órgão do dançarino "não subia" com seu amigo. Mesmo com tamanha exposição, todos continuaram se submetendo a esse tipo de holofote. A razão é simples: Carlinhos tem milhões de seguidores. Se gaba dos números de engajamento. Diz ser muito rico. Está, claro, em posição de superioridade. E raramente é exposto por seus colegas.
Há, comenta-se, uma mistura de ficção e realidade em muitos desses conteúdos. Ocorre que o personagem do roteiro é sempre alguém real. A longo prazo, no futuro, talvez essas pessoas se perguntem se valeu a pena abrir tanto sua privacidade. A mim, parece que se violentam para ganhar seguidores. O custo parece psicologicamente alto. Recomenda-se pensar bem.
