Depois do sucesso de "Dahmer", sobre o famoso serial killer, a netflix incumbiu Ryan Murphy de seguir investindo em criminosos reais. "Monsters", sobre a história dos irmãos Menendez, acompanha a prisão de dois jovens ricos acusados de matar os pais. Basta ver alguns episódios, no entanto, para entender que os tais "monstros" do título não são necessariamente os assassinos.
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O caso ficou famoso por ir a julgamento já esclarecido. Os irmãos admitiram terem atirado nos pais enquanto eles assistiam TV em sua mansão, em Beverly Hills. O que chamava atenção, no entanto, era o motivo. No primeiro tribunal do júri exibido ao vivo nos Estados Unidos, vieram à tona acusações de que ambos eram abusados pelo pai e pela mãe desde a infância e quiseram dar um basta por se sentirem ameaçados.
A partir do alto teor sexual e descritivo, a história é conduzida com boas doses de homoerotismo, insinuando um carinho extremo e quase incestuoso entre os protagonistas. Da mesma maneira, a descrição dos abusos pode causar gatilhos fortes em quem assiste - há até mesmo um episódio genialmente dirigido na forma de plano sequência, que consiste basicamente em um personagem contando sua história.
O que chama atenção é que Ryan Murphy tenha decidido pisar fundo em estereótipos, levantando teses não comprovadas - como a homossexualidade de Erik Menendez, hoje casado com uma mulher, mesmo em prisão perpétua. Personalidades acabam soando como uma só nota, caso do impulsivo Lyle, o outro irmão, ou do pai, José. O elenco todo é um grande acerto e os jovens Cooper Koch e Nicholas Chavez não decepcionam perto de veteranos como Javier Bardem e Chloe Sevigny.
Por fim, a chegada da série ajuda a colocar luz em um caso que teve desfecho controverso, com segundo julgamento claramente influenciado politicamente para ter um desfecho não necessariamente justo. Não à toa, no TikTok, há um grande movimento de jovens que pedem para que o caso seja revisto. Os dispensáveis minutos finais da série, no entanto, acabam por prejudicar uma narrativa bem construída. Ainda assim, vale a pena.