Tão logo entrou no ar, a reprise de "Tieta" na Globo mostrou que ainda tem muito fôlego para mexer com a audiência. A novela de Aguinaldo Silva, originalmente exibida em 1989, chegou a bater índices muito próximos de "Mania de Você", atual trama das nove da emissora. O horário vespertino de folhetins, aliás, vive uma boa fase e já veio embalado pelo sucesso de "Alma Gêmea".
O que essas novelas têm, portanto, que falta às tramas inéditas da noite? A resposta pode ser mais estética e óbvia do que se espera. Ambas têm "cara de novela". Nos últimos tempos, a Globo passou a exibir suas tramas com muita sofisticação. A ideia era aproximar sua fotografia e seus roteiros do cinema e do mundo das séries. Ocorre que, em se tratando de um produto cultural que está impregnado no cotidiado do brasileiro há décadas, alguns maneirismos mais afastam do que ajudam.
Jogos de luz e sombra, enquadramentos que mais escondem atores do que mostram, narrativas às vezes ralentadas, nada disso é visto com exagero nas novelas dos anos 80 e 90, considerada uma época de ouro para o gênero. Rebuscar algo que já era sucesso no formato original pode, a longo prazo, ser considerado um tiro no pé. O público não quer sofisticação, mas, sim, diversão. Esquecer disso é erro crasso.
Talvez seja o momento de a Globo dar dois passos para trás e aprender algo com seu passado. "Tieta" e "Alma Gêmea" certamente têm ensinamentos valiosos.