Espectadores de novela mais atentos já observaram que os elencos da Globo andam bem mais diversos. Não apenas porque grandes nomes decidiram partir para o streaming, mas também para refletir os tempos atuais. Foi-se a era em que personagens LGBTs só apareciam como alívio cômico e caricatura e pessoas pretas normalmente estavam na cozinha.
A mudança não se deu à toa. A Globo assinou um Pacto Global com a ONU, em 2023, visando maior inclusão, diversidade e equidade racial. A emissora cumpriu à risca. Suas últimas produções todas tiveram protagonistas não-brancos, por exemplo.
Há, no entanto, quem pareça ainda sinta falta de um tempo em que basicamente se viam caucasianos na TV. Thiago Fragoso é um deles. Em entrevista "Folha de S. Paulo", o ator afirmou: "Em cada novela ou série, eu tenho a chance de fazer um personagem. Ou sou eu, ou o Jonas Bloch, ou o Herson Capri, ou o namorado da Larissa Manoela (André Luiz Frambach), que também é loiro de olhos azuis. Entrou um não pode mais ter homem hétero, branco. Estamos vendo esse questionamento pela mudança do status quo. Eu tenho uma chance por novela".
A queixa de Thiago soa descolada dos novos tempos. Especialmente se pensarmos que negros e LGBTs tinham muito menos possibilidades de entrar para os elencos - isso quando tinham. O ator também esqueceu que já interpretou um personagem homossexual, o Niko, de "Amor à Vida". As novelas da Globo ainda contam com atores heterossexuais e brancos, reclamar disso é exagero. O que se vê é que alguns profissionais estavam tão acostumados aos próprios privilégios que não conseguiam conceber a ideia de repartir o bolo. Bem, essa hora chegou.