Crítica mundial à Meta
Vinte organizações de verificação de fatos de 17 países diferentes enviaram uma carta aberta a Mark Zuckerberg nesta quinta-feira (9/1), classificando como um "retrocesso" a decisão da Meta de encerrar seu programa de checagem independente nas plataformas Facebook, Instagram e Threads. O documento, publicado pelo Instituto Poynter de Estudos de Mídia, alerta para "danos reais" decorrentes da suspensão, especialmente em regiões vulneráveis à desinformação.
"Acreditamos que a decisão de encerrar o programa de verificação de fatos da Meta é um retrocesso para aqueles que desejam ver uma internet que prioriza informações precisas e confiáveis", afirma o texto.
Justificativa e resposta
Mark Zuckerberg anunciou a medida em um vídeo divulgado nas redes sociais na quarta (8/1), afirmando que o programa havia se tornado uma "ferramenta de censura" e que os verificadores passaram a atuar com "tendência política".
"O senhor (Mark Zuckerberg) se gabou do 'programa de verificação de fatos da Meta ser líder da indústria' durante depoimento ao Congresso americano", recorda o documento, referindo-se a uma audiência realizada em 2021 sobre a falta de controle das redes sociais.
A verdadeira liberdade de expressão
A carta enfatiza que algumas regiões onde o programa de checagem atuava são especialmente suscetíveis à desinformação, com riscos de instabilidade política, interferência eleitoral, linchamentos e genocídios. "O acesso à verdade alimenta a liberdade de expressão", reforça o texto.
"Se as pessoas acreditarem que as plataformas de mídia social estão cheias de golpes e boatos, elas não passarão tempo ou farão negócios nelas", alerta o texto, assinado também por duas agências brasileiras: Lupa e Aos Fatos.
Admirável mundo novo
A Meta iniciou nesta semana a notificação de checadores nos Estados Unidos sobre o encerramento dos contratos. O programa de verificação de fatos, criado em 2016, contava com cerca de 80 organizações certificadas pela International Fact-Checking Network (IFCN). Os checadores seguiam critérios rigorosos e não tinham autonomia para remover conteúdo, apenas rotulavam informações falsas, uma atribuição que sempre foi responsabilidade da empresa.
No lugar do programa, a empresa adotará um modelo semelhante ao do X (antigo Twitter), em que usuários fazem a classificação de conteúdos por meio das chamadas Notas da Comunidade.
Ao mesmo tempo, a empresa mudou suas regras para permitir comportamento anteriormente considerado de ódio, como relacionar sexualidade com doença mental e criticar migrantes, além de liberar conteúdo político, que será recebido até por contas que não seguem os perfis escolhidos pela Meta para viralizarem.