Oito meses após deixar a Band, o missionário R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, voltará à tela do canal. Após não renovar o contrato do programa dele no horário nobre, a emissora aceitou fazer um novo acordo, agora para locar espaço no início da manhã.
A volta do famoso telepastor à Band reforça a dependência que várias redes de TV têm do dinheiro de grandes igrejas. Os milhões pagos a partir do dízimo dos fiéis ajudam essas emissoras a fechar as contas. É uma garantia de faturamento todo mês, sem esforço. A Record e a RedeTV! estão neste grupo.
Já o SBT não disponibiliza horários para programas religiosos. Trata-se de um princípio inegociável imposto pelo dono do canal, Silvio Santos. Mesmo em fases de dificuldades para as TVs, como no início da pandemia, quando houve retração da publicidade, ele não cedeu.
“Judeu não deve alugar a televisão para os outros. Você não sabe que os judeus perderam tudo quando deixaram outras religiões entrarem em Israel?”, explicou seu posicionamento em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, na ‘Folha de S. Paulo’, em junho de 2013.
“O judeu não pode deixar que na casa dele tenha outra religião. É por isso que não deixo nenhuma religião entrar no SBT, que é uma casa judaica”, disse. Filho de imigrantes russos, Silvio Santos segue muitos preceitos do judaísmo. Ele também frequenta eventualmente cultos evangélicos para acompanhar a mulher e as filhas, membros da religião.
O dinheiro associado à pregação de pastores não tem feito falta à emissora da Anhanguera. Em 2021, o SBT foi a rede com maior lucro líquido, R$ 141 milhões.
Toda denominação religiosa tem o direito de usar o poder de influência da televisão para se comunicar com seus adeptos e buscar novos convertidos. Assiste quem quer.
Sob o prisma do negócio, é mais saudável que uma emissora não dependa de igrejas para atingir sua meta de faturamento. O SBT merece o reconhecimento por evitar essa prática que nada acrescenta à qualidade da programação.