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Qual é a sua melhor lembrança de Natal? Artistas e intelectuais compartilham momentos marcantes

Luciana Gimenez, Roberto DaMatta e Tatiana Lazzarotto, a filha do Papai Noel do Brasil, entre outros, contam suas histórias recheadas de emoção, amor, magia e memória

24 dez 2024 - 09h10

É véspera de Natal e a data sempre nos traz memórias de outros tempos, outros lugares... da infância. A espera pela chegada do Papai Noel, as longas ceias em família. A família. Tempo de união e de reflexão - sobre o ano que está chegando ao fim, sobre os desafios que enfrentamos.

O Estadão convidou personalidades para falar sobre o significado da data, relembrar um momento especial e contar uma história marcante.

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O antropólogo Roberto DaMatta, colunista do Estadão, narra o momento em que descobriu a verdade sobre Papai Noel. Mas... que verdade, se Tatiana Lazzarotto, a própria filha do Papai Noel, nos conta uma cena inesquecível vivida ao lado dele? Ela é autora do romance Quando as Árvores Morrem (Claraboia), em que reflete sobre o luto pela morte do pai, que conseguiu registrar a marca e se tornou o Papai Noel do Brasil.

Confira os relatos sobre o Natal

Luciana Gimenez, apresentadora

"Ter um Papai Noel oficial em casa é para bem poucos e eu tive essa sorte por muitos anos. Dono de um CEP especial, cujo destino era nossa casa, meu pai recebeu mais de 1,5 milhão de cartas de crianças, e a maioria eu ajudei a responder. Todo dezembro ele descoloria a barba e os cabelos num processo quase selvagem para encarnar o Bom Velhinho, personagem que o fez percorrer milhares de cidades e colecionar eventos que às vezes tinham mais de 50 mil pessoas.

Essa maratona pausava no dia 23 de dezembro. O Natal sempre foi na nossa casa, cujo quintal se entupia de piscas-piscas. Não seria exagero dizer que me lembro de todos os Natais desde que meu pai virou um Papai Noel profissional.

Já adulta, meu pai, enfim, aceitou a proposta de um hotel de uma cidade próxima para estar presente na noite do dia 24 e cumprimentar os hóspedes. A única exigência é que a família estivesse presente.

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No Natal de 2014, enquanto eu ceava com meus irmãos e minha mãe, vi meu pai entrar pela porta, com seu 'Hohoho' habitual, atraindo todos os olhares para ele. Funcionários, hóspedes adultos e até mesmo nós quatro acessávamos o mesmo mistério das crianças que se mantinham boquiabertas. A magia.

Meu pai trabalhava por todos nós, mas aquela fantasia sempre foi o seu sonho particular. Ser mais do que um simples ser humano, viver em estado de devaneio. Quatro anos depois, ele se tornou eterno. Para mim, o Natal continuou sendo um tempo de celebrar, sobretudo, a capacidade do meu pai de transbordar sobre todas as memórias."

Cinnara Leal, atriz

A atriz Cinnara Leal.
A atriz Cinnara Leal.
Foto: Reginaldo Teixeira/Globo/Divulgação / Estadão

"Natal para mim é ter a sorte de união com a minha família, e nós temos isso desde sempre. Nós celebramos o Natal juntos, até hoje, e agradeço muito por isso. Mas, quando criança, a sorte era maior ainda, porque passávamos o Natal na casa da minha avó.

Iam todos os primos, uns 15 primos, e ficávamos tão nervosos com a entrada do Papai Noel. Nós não sabíamos se fugíamos ou se iríamos até o Papai Noel abraçá-lo. Mas, uma vez, nos trancamos em um quarto escuro.

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Eis que cai, diante dos armários, um guarda-sol e vai parar na cabeça do meu primo. Nós começamos a falar: 'Não chora, pelo amor de Deus, se não vamos ficar sem presente'. Ele dizia: 'Mas está doendo, está doendo'. Então, ele olhou e tinha sangue na mão. Todo mundo começou a chorar e a gritar. Não aconteceu nada de mais, foi só um machucado.

Mas eram Natais bem emocionantes. Claro, família grande. Eram Natais divertidos. E é isso que eu desejo para vocês no Natal: muita paz, muito amor e diversão. Que vocês possam celebrar esse dia de união entre amigos, família, quem estiver perto de vocês. Compartilhe essa data tão importante para o mundo inteiro."

Betty Milan, psicanalista

A escritora e psicanalista Betty Milan.
Foto: Denise Andrade/Estadão / Estadão

"O Natal é a maior festa da cristandade, mas ele é também uma grande festa de confraternização. Sem ela, nós não temos como vencer os desafios atuais: o clima, a guerra, a imigração, a pobreza, a fome.

A ética do Natal é contrária à indiferença e é pela inclusão. Por isso, ainda que eu não seja religiosa, eu me reconheço no Natal. Quero desejar um bom Natal para todos e o melhor ano novo possível. O ano será novo se você se renovar."

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