Emilly Araújo é a imagem da contradição. No ‘BBB17’, ela foi vítima e algoz. Ao triunfar na final, com 58% dos quase 150 milhões de votos, se tornou uma das mais polêmicas vencedoras da história do reality show.
Para alguns, a gaúcha de 20 anos é manipuladora e arrogante, ególatra e sádica. Outros enxergaram nela um exemplo de autoestima e audácia a ser seguido, principalmente pelas mulheres em luta contra o sexismo e o machismo.
Tiago Leifert a comparou a um jovem mutante que ainda não sabe usar seus poderes. “Foi a vitória do coração sobre a lucidez (de Vivian) e a sabedoria (de Ieda)”, disse o apresentador.
Emilly se tornou a sétima mulher a ganhar o programa. Mas seu perfil é bem diferente do das antecessoras Cida dos Santos (‘BBB4’), Mara Viana (‘BBB6’), Maria Melilo (‘BBB11’), Fernanda Keulla (‘BBB13’), Vanessa Mesquita (‘BBB14’) e Munik Nunes (‘BBB16’).
Durante os 79 dias de confinamento, a nova milionária não fez concessões à sua personalidade narcísica. Deixou claro, desde o início, que se achava melhor do que todos na casa – e a grande merecedora do prêmio.
Essa autoconfiança extrema assusta quem sofre do complexo de inferioridade ou prefere o papel de ‘humilde e solidário’ como estratégia de sobrevivência no jogo e na vida.
Contudo, milhões de telespectadores – especialmente os mais jovens – se identificaram com o comportamento nada ‘fofo’ e muito impulsivo.
Idolatrada nas redes sociais, Emilly suscitou um fenômeno de empatia semelhante ao que garantiu a vitória de outros competidores polêmicos, como Max Porto, no ‘BBB9’, e Marcelo Dourado, na décima edição.
Este é um mérito de Emilly: ser autêntica, não interpretar um personagem. Imatura ou não, ela abriu mão das táticas manjadas para se manter na disputa, como forjar carisma e excesso de fragilidade para compadecer a audiência.
Na reta final, ao coprotagonizar a expulsão de Marcos Harter, a big sister ganhou ainda mais visibilidade para sua imagem dúbia, ao ser vista como vítima do comportamento inadequado do namorado no programa.
Poucas vezes desde a primeira edição, em 2002, se viu um participante do ‘BBB’ gerar opiniões tão distintas do público. Não houve meio terno: Emilly foi amada ou odiada. No fim, os fãs se revelaram em maior número – Vivian ficou com 41% e Ieda, 1%.
Resta conferir se a popularidade emergida com a vitória vai sobreviver fora da casa. A fama dos campeões do ‘Big Brother Brasil’ tem sido cada vez mais efêmera. Heróis ou vilões, eles encontram dificuldade em se manter sob os holofotes na 'vida real’.