Se na vida real o irritante “novo normal” ainda implica descobertas, na arte, sempre visionária, ele já toma formas. Em meio à pandemia do novo coronavírus, salas de cinemas, shows, teatros, tudo teve que ser paralisado. Aqui no Brasil, o impensado aconteceu: até as novelas da Globo tiveram suas gravações suspensas. Mas pouco a pouco, os streamings estão colocando vida de volta às casas dos confinados com material inédito e que refletem o período atual, produções caseiras, cheias de qualidade, sem aglomeração.
No Globoplay, O Diario de um Confinado com Bruno Mazzeo é uma grata surpresa. Não gosto de comparações, mas depois de assistir me faz lembrar a sensação de Click, com Adam Sandler. Com vasto repertório cômico, o final emocionante nos tira do chão e é o arremate perfeito para o respiro solar para o isolamento que estamos passando. E é impossível não se relacionar com todas as situações de quarentena que estamos passando. Para quem se interessar, os 12 episódios de 10 minutos cada estão disponíveis na plataforma.
Também no Globoplay, Cada Um no Seu Quadrado, com Fernando Caruso e Paulo Vieira, mostra um bate-papo descontraído com figuraças do humor e nos dão um gostinho do que seria se sentar ao lado deles, numa mesa do bar pós-quarentena. Bem voyeurístico. Estreou no dia 3 de julho e é exclusivo da plataforma; aliás, se estiver por lá, aproveite também para assistir o Sinta-se em casa, com Marcelo Adnet, e Sterblitch não tem um Talk Show: o Talk Show, com Eduardo Sterblitch.
No Youtube, o cenário político brasileiro virou roteiro para a série Sala de Roteiro, do Antonio Prata e Fernando Meirelles. Desde o sucesso de House of Cards, viraliza nas redes sociais a piada de que o roteirista da série norte-americana tem muito o que aprender com os brasileiros. Pois bem, a política real nacional dos últimos anos virou, portanto, o script dessa websérie hilária semanal que, no primeiro capítulo, discute como Queiroz, o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, deveria ser encontrado.
Na Netflix, gigante do streaming, a série Homemade, concentra 17 episódios, ou melhor dizendo, 17 curtas variados, dirigidos caseiramente por aclamados artistas. Navegando pelo universo do isolamento, cada história curta é uma leitura sobre o que a quarentena pode representar. No emocionante The Lucky Ones, de Rachel Morrison, uma carta de amor audiovisual para os filhos da diretora, revela um desejo de que esse período de isolamento não tenha sido tão duro para os pequenos, e é quase um voto para quem assiste, por tempos melhores.