Sabe aquele papo “ele não é lindo, mas tem um charme irresistível”? Pois se aplica ao israelense Shimon Hayut, que se fazia passar por um oligarca russo chamado Simon Leviev.
Bom de lábia, ele despertou paixão em inúmeras mulheres e tirou delas cada dólar que conseguiu. A história do Don Juan malandro é contada no documentário ‘O Golpista do Tinder’, que estreia nesta quarta-feira (2) na Netflix.
Algumas vítimas tiveram a coragem de se expor diante da câmera para relatar o que sofreram. Tudo começava com o ‘match’ em um app de relacionamento. Depois, encontros agradáveis.
Apresentando-se como bilionário e autoapelidado ‘Príncipe dos Diamantes’, o larápio proporcionava jantares, viagens, baladas, presentes e, principalmente, a atenção e o romantismo desejados pelas mulheres.
Iludidas, elas acreditavam viver um conto de fadas contemporâneo. Como não confiar cegamente em um ‘homem perfeito’? Aqui cabe outra máxima: “era bom demais para ser verdade”.
De posse do controle emocional, Shimon inventava histórias mirabolantes para fazê-las transferir altos valores para sua conta. Envolvidas, as vítimas faziam de tudo para ajudar o amado.
Uma entregou 200 mil libras, o equivalente a R$ 1,4 milhão. Shimon usava o dinheiro tirado de uma mulher para impressionar outra, e assim as vítimas foram se acumulando. Quase um esquema de pirâmide.
O golpe é velho e recorrente (quantas vezes já vimos matérias a respeito na TV?), porém, as mulheres insistiam em acreditar no cafajeste. “O amor é cego, por isso quem ama nunca vê as tolices que pratica”, escreveu Shakespeare.
Cedo ou tarde, por diferentes circunstâncias, a realidade era esfregada na cara delas. “A polícia me disse que o homem que eu amava nunca existiu. Era tudo mentira”, conta uma das entrevistadas no documentário.
A norueguesa Cecilie Fjellhoy foi entrevistada no canal britânico ITV a respeito do que passou. “Perder dinheiro afeta você, mas o pior é o que ele fez psicologicamente comigo. Ele me destruiu”, afirmou. Após descobrir a farsa, a jovem pensou em suicídio e foi parar em uma clínica psiquiátrica.
De repente, as mulheres apaixonadas se viam sem o homem dos sonhos e com um rombo financeiro. Sentiam vergonha e raiva por não terem percebido uma trapaça tão manjada. Para algumas, o pesadelo continuava: eram ameaçadas pelo príncipe monstruoso.
Há muitos ‘Shimons’ agindo sozinhos ou em quadrilhas. Várias brasileiras entraram para as estatísticas desse tipo de crime. Nos últimos anos, matérias na Globo e Record TV relataram o drama das enganadas. A maioria caiu na conversa fiada de africanos que fingiram ser europeus.
‘O Golpista do Tinder’ mostra vítimas que reagiram e foram em busca de justiça – e também vingança. O documentário é entretenimento que serve de alerta: cuidado com quem você flerta e troca nudes nos apps.
A solidão, a busca pelo homem ideal e o interesse por uma vida luxuosa podem ‘cegar’ a pessoa e fazê-la ser facilmente explorada e exposta.
Em tempo: Shimon Hayut foi preso pela Interpol na Grécia, em 2019. Deportado a Israel, acabou condenado a 15 meses de prisão. Ganhou a liberdade após 5 meses. Acredita-se que esteja vivendo em algum paraíso europeu com o dinheiro que teria conseguido esconder da justiça.