'Uncle Frank' traz drama sensível sobre preconceito sexual

Com atuação excepcional de Paul Bettany e Sophia Lillis, longa de Alan Ball urge sobre a importância da tolerância e das conexões humanas

30 nov 2020 - 09h21

Paul Bettany e Sophia Lillis são as estrelas do drama Uncle Frank, filme original Prime Video do ganhador do Oscar Alan Ball (Beleza Americana), que aborda temas como a intolerância sobre a sexualidade e a emancipação feminina nos Estados Unidos de 1973. Como Frank e Beth, tio e sobrinha, Paul e Sophia formam um laço inigualável. Ele, professor universitário em Nova York, renegado pela família. Ela, do interior, ainda jovem, descobrindo seu lugar no mundo. Beth é sua ligação com a família do interior, cujo patriarca não dispensa quaisquer oportunidades negligenciar e diminuir a sua presença e afeto. Enquanto isso, Frank é a conexão de Beth para o mundo, sempre com conselhos que impulsionam a adolescente para fora daquela comunidade cheia de preconceitos, e para além do que a própria sociedade a subjugava na época. 

Paul Bettany e Sophia Lillis em Uncle Frank (2020)
Paul Bettany e Sophia Lillis em Uncle Frank (2020)
Foto: Photo by Brownie Harris/Amazon Studios/Brownie Harris/Amazon Studios - © Courtesy of Amazon Studios / Reprodução

O filme começa com uma reunião de celebração de aniversário. As dinâmicas de família são facilmente percebidas. Beth narra a cena ao mesmo tempo que protagoniza, e deixa claro o seu desconforto por não se encaixar. E quando parecemos conhecer todos, chegamos a Frank. Já distante da família, do lado de fora de casa, com seu livro em mãos, mas disponível para Beth. Desse encontro, nasce o interesse da adolescente em alçar voos maiores. 

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Um breve período de tempo é avançado e Beth agora é caloura na mesma faculdade em que o tio dá aula. Lá, a jovem é apresentada a dois mundos, o de Nova York, e o do tio, que manteve detalhes da sua vida em segredo para praticamente todos os familiares. É então que Frank revela para Beth a sua orientação sexual e o seu parceiro já de tantos anos, Walid – e deixa claro o motivo do desafeto de tantos anos do pai. 

Atente-se para a cena depois da revelação, um dos mais belos trechos desse longa. Em meio a um café da manhã, entre uma ressaca e uma conversa sobre bacon e tradições sulistas, Frank retoma o assunto, com certo receio, para descobrir o que a sobrinha acharia agora dele. E com a curiosidade e a naturalidade que o tema pede, Beth acolhe o tio. Seria só um filme lindo, desses dois confidentes, não fossem os próximos acontecimentos. 

Ainda durante esse café da manhã, um telefonema da Carolina do Sul interrompe com uma má notícia. O pai de Frank acaba de falecer e ambos voltam para casa. Eles optam por uma viagem de carro, o que dá a chance de explorar mais essa intimidade recém conquistada. Mas essa segunda parte do filme explora outro lado. Adulto feliz, casado e realizado profissionalmente, seria quase um milagre assumir que os anos de preconceito e maus tratos do pai não tivessem efeitos para Frank. E voltar para o seu velório é como se todas as dores do passado ocupassem novamente o seu ser. E aqui, cena após cena, Paul Bettany entrega sequências emocionantes. 

Uncle Frank é um dos filmes mais belos e doloridos sobre a temática. O longa nos coloca dentro do drama, testemunhas do que só pode ser descrito crime – e passível de punição no Brasil pela Lei de Racismo (7716/89) desde fevereiro de 2019. Mas além disso, também se diferencia pelas propostas que se propõem a fomentar. Com conteúdo sensível, o longa de Alan Ball ressoa sobre a urgência de uma sociedade mais tolerante e justa, mas também da importância das conexões humanas. Uma obra imperdível para o fim de 2020, um ano que castigou. 

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Fonte: Redação Terra
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