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Todos estão certos e errados na polêmica com Fiuk e Tatá

A recusa do ator em responder questões íntimas feitas pela apresentadora ressalta nossa obsessão sobre a vida alheia

6 dez 2021 - 10h10
A posterior troca de farpas entre Fiuk e Tatá repercutiu mais do que a entrevista
A posterior troca de farpas entre Fiuk e Tatá repercutiu mais do que a entrevista
Foto: Reprodução

Era para ser apenas uma entrevista, virou um disse-que-disse. Desde quinta-feira (2), quando foi ao ar o bate-papo entre Tatá Werneck e Fiuk no ‘Lady Night’, no Multishow, os dois travam uma guerra de versões com repercussão na imprensa e participação do público nas redes sociais.

Resumidamente, o ator-cantor se mostrou desconfortável com algumas perguntas sobre a vida pessoal e a apresentadora chegou a perder a espontaneidade diante do entrevistado reticente. Por conta do embaraço, a entrevista foi ‘picotada’, teve muitos cortes, o que é incomum no talk show.

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Nas redes sociais, Fiuk passou a ser massacrado por sua postura defensiva e irritantemente blasé. Ele reclamou do “ódio gratuito” de quem o julgou. Tatá fez um post para pedir que o artista não fosse atacado. Mas o clima ameno durou pouco.

O filho de Fábio Jr. disse em vídeo que Tatá não respeitou o combinado de evitar certas questões. A apresentadora reagiu: afirmou que era mentira, não havia acordo algum. Em novo contra-ataque, Fiuk reclamou de ter sido chamado de mentiroso por ela.

Quem está com a razão? Segue uma análise desse imbróglio.

Fiuk está errado: Não quer ser perguntado sobre a intimidade? Então não conceda entrevista. Uma pessoa pública precisa entender a curiosidade geral a respeito de todos os aspectos de sua vida. Ela tem a opção de se preservar, blindar a privacidade. No caso, o namoro com a atriz Thaíssa Carvalho foi confirmado pelo próprio Fiuk em uma rede social. Era natural, previsível, que o assunto fosse abordado por Tatá. Sim, ele tem o direito de ser tímido, reservado e não querer responder – mas aí não pode reclamar da frustração que irá provocar e da impressão de ser esnobe. Este ano, Fiuk esteve superexposto no ‘Big Brother Brasil’ e no ‘Show dos Famosos’ do Domingão com Huck. Ele sabia do ônus de tamanha visibilidade. Quem não está disposto a enfrentar as feras – a imprensa, o público, o tribunal da internet – não deve dar a cara a tapa.

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Fiuk está certo: Ninguém, famoso ou anônimo, deve ser obrigado a revelar detalhes da vida privada. É desrespeitoso exigir a prática da evasão de privacidade, ou seja, o compartilhamento de quase tudo o que se vive. As redes sociais atiçam interesse excessivo sobre a intimidade alheia e, consequentemente, geram hostilidade a quem se nega escancarar detalhes confidenciais. Resguardar-se é uma qualidade. Mas, no Brasil dos intrometidos e fofoqueiros, ser discreto virou um defeito.

Tatá está certa: Ainda que haja um roteiro combinado (o que é comum em programas de TV), o apresentador nunca se limita às perguntas da ficha. A entrevista se desenrola a partir das respostas. A maior graça está na surpresa e no improviso, ainda mais em uma atração de humor como o ‘Lady Night’. Tatá estava em seu papel de indagar sobre um tema em evidência na internet no dia da gravação. Um jornalista ou apresentador não pode se limitar a questionar apenas aquilo que o entrevistado quer responder. Ninguém gosta de assistir a um diálogo ‘chapa-branca’ na TV.

Tatá está errada: Há obsessão de jornalistas e entrevistadores no questionamento a respeito da vida amorosa (às vezes, da sexual também) do entrevistado. Virou um vício nas conversas com famosos. Mesmo a celebridade casada é perguntada sobre o relacionamento na expectativa de soltar uma revelação (“estou em crise”, “separei”, “descobri uma traição” etc). A intimidade afetiva de uma personalidade está associada à percepção equivocada de que os artistas são muito mais felizes ou muito mais infelizes nos relacionamentos do que os anônimos. Que tal fugir do óbvio e perguntar a respeito de outros pontos da vida do entrevistado?

Qual a solução? O bom senso, obviamente. O entrevistado precisa se fazer interessante sem violentar seu instinto de autopreservação e o entrevistador deve ter perspicácia para extrair boas respostas sem ser invasivo e hostil.

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