“Não tem mais entretenimento, gente! Não tem mais graça, não tem nada, não está tendo nada de bom.”
A reclamação de Kerline resume ‘A Fazenda 14’. Onde estão o divertimento e o escapismo esperados de um reality show?
O que se vê, dia e noite, é uma guerra com ataques verbais e físicos.
O termo clichê ‘ambiente tóxico’ nunca foi tão adequado. Todos parecem deprimidos e infelizes. Alguns estão à beira de uma crise de ansiedade.
‘A Fazenda’ deixou de ser um reality show para se tornar uma experiência de cárcere privado com tortura psicológica.
Vários competidores manifestam o desejo de desistir, porém, se sentem obrigados a continuar por não ter como pagar a multa contratual.
Viraram reféns do programa. Não pensam mais no prêmio milionário. Querem apenas a valiosa paz de espírito de volta.
Tão grave quanto o sofrimento prolongado dos peões é a omissão da direção do reality e da cúpula da Record. Parecem torcer para o ‘quanto pior, melhor’.
Ignoraram que o show de horror corrói a imagem da emissora.
O dano piora ao considerar que o dono do canal é líder de uma igreja evangélica. Ele não vê a degradação no horário nobre de sua TV?
Os telespectadores da atração têm sua parcela de responsabilidade. Sempre estimularam a confusão generalizada.
Quem entra em ‘A Fazenda’ sabe que precisa gerar conflitos para aparecer mais do que os outros.
A obsessão em gerar VTs para ser popular induz os participantes a cometer excessos e perder o bom senso.
O formato ‘zoológico humano’ ressalta o pior de cada pessoa. Deteriora virtudes como a empatia e a resiliência.
No caso desta temporada do reality, potencializou explícitos transtornos em alguns concorrentes. O sofrimento psíquico colocado a serviço do entretenimento.
Os sádicos vibram enquanto os empáticos se angustiam ao ver pessoas submetidas a tamanho estresse em nome de fama e dinheiro.
O ano não acabou, mas ‘A Fazenda 14’ já pode ser considerado o pior programa da TV aberta em 2022.