Quem acha que a televisão já não tem tanta influência no cotidiano do brasileiro precisa rever essa opinião. O eco do debate realizado na Band, na quinta-feira (9), mostrou sua indiscutível relevância.
Desde aquela transmissão ao vivo de 3 horas e 15 minutos, mais curta apenas do que a interminável cerimônia do Oscar, a imprensa e o País não falam de outro assunto.
O primeiro dos 9 debates previstos até o primeiro turno, em 7 de outubro, pautou jornais, revistas, portais de notícias, reuniões de partidos, encontros de marqueteiros e as conversas no botequim, no ônibus, no salão de beleza, na sala de aula... O povo, até então desinteressado pela eleição, voltou a discutir política.
Há quem acredite que a internet (em especial as redes sociais) vai esmagar a TV e será mais relevante no resultado das urnas. Na prática, isso é pouco provável.
Em um debate ao vivo, como o da Band, não há espaço para manipulação. As regras são definidas e aceitas pela assessoria de todos os candidatos. O resultado depende exclusivamente de quem está enfrentando os adversários diante das câmeras.
Na web, a chance de manipulação é incontestável. A empresa AP/Exata, especializada em análise de big data (grande volume de dados), divulgou que 10% de todas as postagens no Twitter citando candidatos à Presidência durante o debate na Band foram promovidas por robôs.
Conclui-se que o mesmo pode ter ocorrido em outras plataformas, como o Facebook. As ‘fake news’ são uma praga virtual capaz de enganar o eleitor menos atento.
Já o telespectador de um debate na TV vê os políticos exatamente como eles são – ou tentam parecer – e tem maior contato com a figura real dos presidenciáveis do que ao consumir textos e vídeos para a internet, cuidadosamente editados por marqueteiros de campanha ou pessoas e grupos interessados em disseminar factoides e mentiras.
O telejornalismo e os debates ainda são uma fonte confiável para o eleitor. A TV pode ter perdido público, mas não perdeu importância.